Assis, a Basílica de São Francisco

«Constituíste-o acima das obras de tuas mãos»

Publicamos as notas da introdução do Pe. Paolo Prosperi sobre o tema do trabalho num fim de semana de um grupo de jovens do Movimento em Assis.
por Paolo Prosperi

Todos os anos, na Quaresma, a Igreja convida-nos a fixar o nosso olhar na grande epopeia do Êxodo de Israel da escravidão do Egito para a terra prometida, a terra da liberdade, que não é a América – a da canção que, não por acaso, quis dar-vos a ouvir – mas sim a terra de Canaã, onde «jorra leite e mel».
Podíamos, com toda a legitimidade, perguntar-nos: porquê? Se já fomos «libertados do jugo do mal», como se canta num hino de Quaresma familiar para muitos de vocês, por que é que há sempre necessidade dum novo êxodo? Somos livres ou não somos livres? Cada um de nós o sabe e pode responder por si: em parte sim, e em parte não. E isto por muitas razões, uma das quais é o facto de que há tantos Egitos que nos mantêm prisioneiros, não há apenas um. Há tantas formas de escravidão na nossa vida e, sobretudo, há sempre novas a surgir, com o mudar das circunstâncias e da mentalidade que domina o ambiente em que vivemos – uma mentalidade que, como insistentemente sublinha a Escola de Comunidade que estamos a fazer, exerce inevitavelmente um poder de sedução sobre nós, quer nos demos conta disso ou não. Qualquer época, qualquer momento histórico, tem o seu “Egito invisível”. Ou seja, o ambiente é caracterizado por uma determinada ideologia dominante, por uma determinada mentalidade que domina a sociedade e que se torna um desafio para o cristão, ou seja, tentação, prova, e precisamente por isso, ao mesmo tempo, ocasião de amadurecimento e enriquecimento. Porque até mesmo a tentação, se for atravessada e vencida com a espada do discernimento – para usar um termo querido do Papa Francisco – nos torna mais conscientes e fortes e, por isso, paradoxalmente, enriquece-nos...