Caros amigos e caras amigas,

João e André, dois homens quaisquer da Palestina de há dois mil anos, aproximaram-se do rio Jordão para ouvir os ensinamentos de João Batista, a quem muitos consideravam um profeta. Nesse dia, porém, aconteceu uma coisa imprevista que mudou os seus planos. De facto, enquanto estavam ali, tiveram outro encontro, o encontro com Jesus. Um homem que à primeira vista poderia parecer igual a toda a gente mas, estando com ele naquele dia, tornou-se claro que não era como toda a gente. Jesus fez-lhes uma pergunta: «O que procurais?» (Jo 1,38).

O Papa Francisco faz-nos a mesma pergunta: «Tende a certeza disto: Deus tem confiança em vós, ama-vos e chama-vos. Dirige-vos a pergunta que certa vez fez aos primeiros discípulos: “O que procurais?” (Jo 1,38). Também eu, neste momento, vos dirijo a pergunta, a cada um de vocês: “O que procuras? Tu, o que procuras na tua vida?”» (Encontro pré˗sinodal com os jovens, Roma, 19 de março de 2018).

Nunca ninguém lhes tinha feito uma pergunta tão simples com tanta intensidade. Tiveram de olhar para o fundo do seu próprio coração para encontrar resposta.

Aquele dia, no Jordão, deu início de uma amizade inesperada, a amizade de João e André com Jesus, destinada a mudar radicalmente as suas vidas. Com efeito, o seu olhar, as suas palavras e os seus gestos não só eram capazes de iluminar a vida em toda a sua profundidade, como, com o tempo, revelaram aos seus olhos uma coisa inimaginável: era Ele mesmo a resposta à pergunta do seu coração.

Aquela amizade foi o início de uma realidade nova dentro da história. Jesus, o Filho de Deus feito homem, deu toda a sua vida àqueles amigos através do sacrifício da Páscoa, fazendo uma grande promessa: «Quem me segue terá a vida eterna e o cêntuplo aqui» (cfr. Mt 19,29).

Confiada ao cuidado paterno do Apóstolo Pedro, e dos seus sucessores, aquela novidade de vida atravessou o séculos até hoje, tornando-se credível e fascinante também para nós através do carisma dado a don Giussani, cujo centenário do nascimento recordamos este ano. Essa amizade é a companhia da Igreja, o lugar onde podemos surpreender, ainda hoje, aquela novidade de vida que vence a morte, o «enraizamento no tecido da história das palavras de Jesus» (Porquê a Igreja, p. 323).

Para continuarmos a ser ajudados na aventura da vida e para aprofundar a beleza da nossa amizade, acolhemos com entusiasmo o convite que o Papa Francisco, o sucessor de Pedro, nos dirigiu. É o mesmo Jesus que hoje nos pergunta: «O que procurais?».
Assim, vamos a Roma na segunda-feira de Páscoa, curiosos para descobrir o que o Senhor quiser sugerir-nos e desejosos de verificar, uma vez mais, a razoabilidade da esperança que encontrámos.

Davide Prosperi, Francesco Barberis e padre Marcello Brambilla