Responder à realidade
Uma reflexão suscitada pelo livro "O despertar do humano" de Julián CarrónComeço por citar uma frase do Cardeal D. Tolentino de Mendonça; «Ser cristão é um risco, ser humano é um grande risco».
Esta pandemia faz-nos efetivamente parar para pensar. Eu parei, pensei e para já cheguei à conclusão que o melhor que nos podia acontecer é que esta crise despertasse em nós o desejo de sermos autenticamente humanos, logo mais próximos de Deus e do nosso semelhante.
Daí a grandeza do humano embora o Padre Julián Carrón ponha o dedo na ferida quando diz que uma lição que retiramos desta pandemia é, paradoxalmente, a da nossa profunda fragilidade. Mas, na realidade, não há aqui nenhum paradoxo: o humano é simultaneamente grandioso, porque provém de Deus, e frágil porque não deixa de ser humano.
Há uma outra dualidade presente neste texto : com esta crise houve, há e, infelizmente, haverá ainda muito sofrimento mas, por outro lado, houve, há, e, felizmente, haverá ainda muitos momentos de solidariedade, muitos actos de heroísmo e não só dos profissionais de saúde e das forças da ordem, por exemplo. Confrontado com o sofrimento do seu semelhante, o homem tende mais frequentemente a ceder ao seu impulso natural: ajudá-lo. É este o golpe de asa do homem - ajudar o seu irmão em dificuldades, É no cumprimento do mandamento do amor que o homem se torna co redentor da humanidade.
Mas a grande lição deste texto tem a ver com a resposta do homem à realidade. Confrontado com a circunstância da pandemia, o homem pode recusá-la ou aceitá-la. E vem-me à memória a frase-chave: «Bem-aventurado aquele que no meio da escuridão em vez de amaldiçoar as trevas acende uma luz». Na verdade, o Padre Julián Carrón convida-nos, perante o desafio da realidade, bom ou mau, minúsculo ou gigantesco, a aceitá-lo. Diz o Padre Carrón que esse sim é um sim a Jesus Cristo. A dada altura do texto o Padre Carrón diz que, em cada momento da sua vida, tudo se joga na companhia que o homem tem: na verdade, num mundo tão injusto e cruel, o homem só logrará prosseguir se disser sim a Jesus Cristo, se fizer d'Este a sua principal Companhia. A situação actual é urgente: o homem de hoje precisa profundamente de Jesus Cristo.
Pedro, Lisboa