O Único que guarda para sempre tudo o que é bom

Oferecendo-me para uma tarefa que mais ninguém queria, começo a ver como o encontro se torna, no tempo, a forma verdadeira de cada relação...

Estas duas últimas semanas têm sido uma possibilidade de verificação que aderir ao sinal do Mistério para seguir a realidade introduz um respiro na vida.

Pensava nisto, porque no meu trabalho, antes de iniciarmos o teletrabalho, tivemos que decidir como realizar uma tarefa que não se podia fazer em casa. Os meus colegas estavam mais assustados do que eu com o Covid e por isso decidi oferecer-me para ir ao banco 2 ou 3 vezes por semana fazer aquela tarefa.

Agora que nos é dito que estamos no período mais perigoso do contágio, o medo de sair de casa é maior; e nenhum dos meus colegas, muito mais novos do que eu, se oferece para a fazer.

Porque é que continuo a fazê-la?
Ofereci-me, e por isso faz parte da minha circunstância, então vou-me dando conta que aderindo-lhe é uma ocasião de maior memória da pertença ao Único que guarda para sempre tudo o que é bom. E daqui nasce também uma simpatia maior por estes meus colegas, que se mantêm em silêncio quando, nas reuniões diárias de início do dia, decidimos se é dia para ir ou não fazer aquele trabalho ao banco.

Realmente, «é assim - que - circunstância após circunstância na experiência contínua de uma “conveniência” inesperada, o “encontro feito pela sua natureza totalizante, torna-se com o tempo na forma verdadeira de cada relação, na forma verdadeira com que olho para a natureza, para mim mesmo, para os outros, para as coisas”» Carta Carrón 12 de março).
Teresa, Lisboa