Quando soube que a Universidade ia fechar por causa da epidemia do Covid senti que no tran-tran da vida organizada o Mistério tinha irrompido poderosamente.
Por isso sinto que este tempo que vivemos é de certa maneira fascinante, a sua magnitude e incerteza são completamente fora do normal. Faz-me dar conta da nossa pequenez.

Nenhum de nós fez nada de bom ou de mau para que isto acontecesse, mas foi-nos dado. Mesmo que a realidade que se impõe seja ficarmos fechados em casa o dia todo; que não consigamos receber sacramentos como o da comunhão ou confissão, que à primeira vista possa ser meramente uma tragédia.

Independentemente do que for, é nos dado, e a nós compete-nos viver da melhor maneira possível, até ao fim, sem cancelar nada. Percebo que é crucial que não vivamos estas medidas de prevenção como um "horror" a que somos sujeitos até que o vírus passe o mais depressa possível, mas sim, como o Padre Cárron disse, “Uma ocasião a não perder”. Peço para estes dias serem uma oportunidade para estar com a família, uma oportunidade para estudar, que estar em casa seja oportunidade para um Encontro!

Outra coisa que eu percebi é que o nosso Movimento (não se chamasse Comunhão e Libertação), privilegia a dimensão comunitária e este é um vírus “antissocial” que nos “impede de estar juntos”. Por isso desafia-nos a ir ao fundo e a perceber a natureza da nossa Companhia. Também por isto é uma grande ocasião.
Gonçalo, Lisboa