Dizer SIM

Publicamos a carta que uns amigos escreveram a um menino que acolheram durante um período da sua vida e que leram num testemunho nas férias no Luso.

A ideia de te receber na nossa família foi-nos apresentada ainda antes de nasceres. O Martim e eu dissemos que SIM mesmo sabendo do desafio que representavas, tendo a Pilar quatro anos, a Isabel um e a Clara apenas quatro meses.
Queríamos fazer isto por ti e pela tua mãe que, sendo tão nova, foi tão corajosa em deixar que viesses a este mundo. Não sabíamos muito sobre ela e absolutamente nada sobre ti, ainda no ventre da tua mãe mas demos um SIM ressonante à proposta de cuidar de ti. És uma das coisas mais bonitas que tivemos nas nossas vidas até hoje. Começámos tudo isto a pensar que te estávamos a ajudar mas nem imaginas o quanto nos ajudaste a olhar para a paternidade e maternidade de uma perspectiva diferente.
É difícil explicar o amor e a preocupação que temos por ti. É um amor diferente e ao mesmo tempo igual ao que sentimos pelas nossas filhas biológicas. Quando vieste para a nossa família trouxeste esta verdade contigo: nenhum de vocês é nosso, não vamos ficar convosco para sempre e sabemos que dispomos apenas de um certo tempo para cuidar de vocês. Nenhum de vós é um projecto pessoal, um desejo ou uma forma de passar a vida. Com as vossas circunstâncias, com a vossa liberdade e com o vosso caminho apenas estarão aqui por um determinado período de tempo.

É tempo de ires querido! Ter-te-íamos aqui outra vez e por mais tempo se assim precisasses.

Estaremos a rezar por ti, pela tua irmã e pela tua mãe, pelos vossos inesperados mas comprometidos “SIM” que a vida vos pedir, especialmente aqueles que se dão sem grandes certezas do seu propósito.
Estaremos aqui.
Sofia, Martim, Pilar, Isabel e Clara, os teus pais e irmãs de acolhimento.


O Martim e a Sofia tiveram entretanto mais uma filha a Pia (já na fotografia). Seis meses depois de ter sido escrita esta carta, o Andrew voltou para casa deles com a irmã de dois anos.