Uma outra forma de ver a realidade
As reações de alguns amigos a um pedido de casamento: como pode uma mulher independente e autónoma querer amarras? Eis a respostaNo passado dia 13 de Maio, o meu namorado Luís fez-me uma surpresa. De Lisboa foi participar nas cerimónias em Fátima e depois veio esperar-me ao Porto. Levou-me a jantar no miradouro da Serra do Pilar ao pôr-do-Sol e pediu-me em casamento! A decisão é conscienciosa e já foi muito pensada e rezada por nós. Temos a noção do desafio.
Nos dias seguintes ao pedido de casamento, cheia de entusiasmo, partilhei o sucedido com os amigos mais próximos e as reacções que tenho recebido são as mais diversas possíveis. Os amigos católicos e também os casados manifestam-se muito felizes mas os restantes acham que somos loucos. Ambas as reacções me provocam mas confesso que me entristece ver a falta de esperança nos segundos. Tenho-me surpreendido muito com o que eles me dizem: "porque não preferem experimentar viver juntos e depois, se quiserem muito fazer uma festa, casam-se quando baptizarem o primeiro filho, até é mais barato e agora usa-se", ou "fico feliz por vocês e não te preocupes que se não correr bem dá para resolver, os divórcios já não são tão complicados, só é chato se tiverem filhos ou bens comuns".
Atónita, respondo-lhes que quero mesmo partilhar a minha vida com o Luís até ao fim, que isso não é poesia é mesmo a realidade dura e crua e que estamos conscientes do passo que estamos dispostos a dar, mas que damos porque confiamos em Cristo, Ele nos sustêm. Claro que cada vez que digo isto sou acusada de fundamentalista ou de cega pela paixão ou das duas coisas. Dizem-me que o que eu digo não faz sentido nos dias de hoje. Como posso eu, uma mulher independente e autónoma querer amarras? Claramente que com palavras e discurso não percebem o que vivo, não conhecem Cristo, esta outra forma de ver a realidade de uma forma positiva.
Desculpa-me por me alongar mas queria contar-te um caso concreto.
Durante a discussão com uma dessas minhas amigas que me acusava de inconsciente, percebo a dada altura que se entristece. Ela vive com o namorado, com quem tem já 2 filhas, gosta muito dele mas, confessa-me, porque o namorado não se quer casar, sente-se insegura, percebe que a relação que têm é sempre a prazo, até um deles não querer continuar mais, e a entrega é incompleta. Essa descoberta que gerou a mudança no seu rosto não veio do meu poder de argumentação mas da provocação que o meu noivado lhe gera e assim compreendo claramente que «a única maneira para poder comunicá-Lo aos outros é continuar a fazer o caminho que Deus nos propôs».
Joana, Porto