Numa história particular está o significado da vida

Um fim de semana em Castelo de Bode para que se transmita o significado da vida, uma Presença que conhecemos neste lugar.

A primeira coisa que queria contar é que sinto cada vez mais gratidão a este lugar, o movimento, a Igreja, onde propondo todos os anos o tempo litúrgico do Natal, me ajuda a tomar cada vez mais consciência de como Cristo se fez carne na minha vida, é uma Presença com um corpo, como era para Nossa Senhora, que se podia ver e tocar. E assim digo cada vez mais como S. João: “o que vi com os meus olhos e toquei com as minhas mãos, isto vos anuncio” O anuncio do Natal não é uma “mensagem”, mas é o anuncio de uma Presença, dentro de uma história particular.

E conto um pequeno facto que me impressionou nestes tempos. Fui a Castelo de Bode com vários amigos do Movimento e do grupo do Jiu Jitsu Young Zilion com quem vários de nós fazemos Escola de Comunidade. A razão deste fim de semana foi que um deles, o Nuno, um dia disse-me: “a minha prima de 16 anos está com câncro e eu gostava que ela nos conhecesse, Podemos fazer um fim de semana em Castelo de Bode para ela nos conhecer?” “Para estar juntos, jogar matraquilhos e preparar o Natal. “Este pedido fulgurou-me porque percebi que para ele, para o Nuno, o significado da vida, aquilo que pode dar significado ao cancro da prima não é uma explicação, uma qualquer consolação, mas só uma Presença que ele conheceu neste lugar.
Foi o emergir para mim da presença de Jesus e percebi que tinha de seguir o Nuno. “Como se chama a tua prima?” “Nadia”. Então lá fomos para Castelo de Bode no fim de semana antes de Natal. Quase 50 pessoas. Pedimos ao Padre Cristiano para celebrar lá missa e fazer um pequeno encontro sobre o Natal .

O Padre Cristiano chegou, sentou-se e disse” Em vez de começar eu, digam vocês se têm perguntas” Uma mão levantada. Yasmira 23 anos. Campeã mundial de Jiu Jitsu. “Não tenho fé, mas gostava de saber porque foi para padre”; segue-se outra pergunta “ Já alguma vez teve uma namorada’?” O padre Cristiano disse que sim, tinha tido várias raparigas mas sempre que acabava com elas, acendia-se nele o desejo de algo que não acabasse, que fosse eterno.

Então, levanta-se a mão da Nadia: “ Mas se o Padre tivesse filhos, podia não acabar, os seus filhos seriam a sua continuação”. “Olha Nadia, tu este fim de semana fizeste alguma coisa gratuitamente por alguém? “Sim, ontem limpei a mesa e pus a do pequeno almoço de hoje” “Para quantas pessoas?” “Para 46” “Então Nadia, esse gesto que fizeste gratuitamente também não acaba, fizeste-o para 46 filhos. “ A cara da Nadia iluminou-se. E a minha também.
Sofia, Lisboa