Um caminho de espanto

Publicamos uma das intervenções na assembleia do final de ano no passado mês de julho, em S. João de Brito.

Neste ano aproximei-me mais de Jesus e de Nossa Senhora e tenho apreendido melhor o aspeto regenerador do sofrimento.

Começámos o ano marcado pela inesperada morte do Pedro Aguiar Pinto . Depois do choque foi impossível negar os frutos que esta morte gerou, desde as homilias das missas, ao inesquecível olhar da Minhoca e da Inês, o Povo retomado pela Inês e o culminar da exposição no meeting. Mais uma vez na minha vida percebo que a morte não é um fim mas uma parte da vida, que nos faz chegar mais perto do Senhor.

Depois, o centenário das aparições e toda a preparação: os primeiros sábados na igreja do Padre João , a exposição de Fátima no meeting e finalmente a vinda do Santo Padre como um verdadeiro peregrino a Fátima. Tudo isto me preparou para a minha vida quotidiana, onde a certeza de Cristo se pode tornar difusa e abstrata se não fizermos um trabalho espiritual (a escola de comunidade).

Ultimamente tenho tido uma doença do síndroma vertiginoso que me deixa muito enervada e coloca desde logo a verificação da pertinência da fé na vida. Nesta circunstância e na linha da escola de comunidade posso percepcionar que este sofrimento me muda, que é uma oportunidade que o Senhor me dá para avançar no caminho da maturidade. É então que me espanto como as palavras do Evangelho e do livro das horas são belíssimas e dizem tudo sobre sobre a minha vida, como a oração nos aproxima verdadeiramente de Deus e como a dor nos torna mendigos suplicantes de Cristo, que responde à minha vida.

Não é um caminho fácil, mas sim seguro e repleto de sentido, que me enche de gratidão pela nossa companhia, que torna a vida um lugar de beleza e Letícia, independentemente das circunstâncias que nos são dadas a viver.

Como nos dizia Padre Carron nos Exercícios da Fraternidade, "podemos deixar-nos surpreender e abraçar pela Sua presença, a fim de não sucumbirmos no nosso sepulcro, como diz o Papa:"Somos convidados a decidir de que parte estar. Podemos estar do lado do sepulcro ou do lado de Jesus".
Isabel, Lisboa