À PORTA DA IGREJA, ANTES DO BATIZADO

"O cristianismo é um acontecimento", como slogan está muito bem, mas na vida não é assim tão óbvio.

De fato, frequentemente, atarefada com mil coisas, refugio-me no Movimento para me sentir bem comigo mesma, mas na realidade não consigo entender como e quando tomo consciência de que é um Outro que faz tudo. Talvez porque estou à espera de ver factos impressionantes, mas Ele está na simplicidade de cada coisa. Por exemplo, lembro-me da relação entre o meu irmão e a mulher dele. Ele católico praticante; ela, ateia mas acha que existe alguma coisa no além. Conheceram-se na universidade e depois de vários acontecimentos casaram-se há dois anos, num rito misto. Uma festa belíssima, onde aquela frase "Eu recebo-te" estava no centro de tudo. O ano passado, a minha cunhada descobriu que estava grávida e voltou para a Itália para fazer os controlos: nos dias em que chegou, iam ser as férias de verão dos adultos da Calábria, e eu convidei-a. Não só aceitou, como participou em todas as atividades propostas com muito entusiasmo, ao contrário de mim, que em alguns momentos tinha dificuldade em acompanhar. Durante a viagem de volta, ela disse-me que estava feliz porque só de olhar para estas pessoas uma pessoa fica bem e vê que elas se amam; ela sentiu-se em casa, entre pessoas que parece que se conheciam desde sempre mas pouco se viam. Depois de alguns meses deu à luz uma menina, no sexto mês de gravidez. Essa também foi uma ocasião para demonstrar que alguém nos ama. Decidiram batizar a pequena durante o verão, pediram-me para ser madrinha e também para ajudar com vários pormenores organizativos. Com a minha família decidimos realizar o batizado durante as férias de verão. Pedi às amigas do grupinho da Escola de comunidade que preparassem os cantos para a missa. O padre foi um amigo de família que casou o meu irmão e por quem a minha cunhada tinha afeição. Durante a preparação o padre perguntou à minha cunhada se ela tinha decidido receber o batismo, mas ela respondeu que ainda não. Chegou o dia do batizado, estavamos à porta para o início do rito e o padre perguntou aos pais que nome gostariam de dar à menina, e à mãe perguntou: "Tu, como te chamas? O Espírito Santo hoje chama-te também a ti". Ela rebentou em lágrimas e ao dizer seu nome decidiu receber o Batismo.
Chiara