A BELEZA DESARMADA NUMA ESCOLA MILITAR

G. é um aluno meu que, há três anos, vive noutra cidade.

Deixou a minha escola no nono ano para frequentar uma escola militar de renome. Quando, há alguns meses, soube que na sua cidade haveria a apresentação de A Beleza Desarmada, pediu ao capitão autorização para ir. O capitão, depois de saber o motivo do pedido, disse que nunca simpatizou com a experiência de Comunhão e Libertação, mas que estava disponível a repensar sua posição, considerando que um aluno como ele a vive. E disse: “Podes ir, mas espero um relatório detalhado sobre a apresentação de Carrón e sobre todo o encontro”. O meu jovem amigo não se intimidou e foi. Enviou-me uma foto do encontro e disse-me que ficou muito tocado. Comprou o livro. Passaram-se semanas e não conseguia começar a lê-lo. “A vida militar tem uma agenda muito intensa”. Mas, num determinado momento, alguns factos desagradáveis ocorridos na escola, somados às dificuldades no estudo, puseram tudo em discussão, fazendo-o chegar a pensar que tinha sobrevalorizado a carreira militar. Com esse mal-estar, volta à última coisa bonita que tinha vivido e começa a ler o livro. Uma noite, escreveu-me: “Estou a ler A Beleza Desarmada. Que bonito! Os meus colegas estão muito curiosos em saber como eu consigo encontrar tempo para ler “outra coisa”, depois, viram o título do livro e ficaram interessados. Consegue imaginar uma beleza desarmada dentro de uma escola militar? Convidei-os para lermos juntos alguns trechos. É bonito que Carrón, no início, nos deixe cheios de uma pergunta: beleza de quê? Depois, pouco a pouco, leva-nos a reconhecer, quer dizer, somos nós que reconhecemos, que a beleza da qual fala está toda no encontro com uma “humanidade” extraordinária que vi pela primeira vez em si e que me levou a fazer parte dos Liceus, e que agora me torna capaz de a reconhecer outra vez quando a vejo. Um encontro que nos faz dizer: “Nunca vi nada igual”. Ontem, na escola, aconteceu um facto muito desagradável, que dividiu os alunos em dois grupos: um a favor e outro contra uma pessoa. Tinha acabado de ler o artigo do Carrón do Corriere, imprimi-o e dei-o ao colega em torno do qual a divisão tinha começado. Foi um novo início para mim e para ele. Entendi que a grande atração que sinto pela vida militar, que parece estar em contradição com a beleza que encontrei, está, pelo contrário, dentro daquela atração maior: que eu posso dar a minha vida pela justiça porque a Justiça deu a sua vida por mim e tornou-se encontrável “por mim”. Esta consciência é o meu verdadeiro e pessoal contributo ao mundo inteiro e, por agora, à minha vida numa escola ‘militar’”.
Maria Concetta, Termini Imerese (Palermo)