O nosso amigo José
Estive dois meses com baixa médica por causa de uma cirurgia a que fui submetida e voltei ao trabalho precisamente na semana em que teríamos o retiro do Advento, ao qual eu, com muita dor, não conseguiria ir.A minha vontade de estar no retiro era tanta que, como eu disse ao Padre João, "eu não fui ao retiro, mas o retiro veio até mim". A nossa amiga Joana veio ao meu trabalho no dia a seguir e contou-me como tinha sido, o que nos disse o Padre João, que tudo aquilo que nos acontece é o modo que Deus tem de mostrar a Sua preferência por nós, que Jesus na cruz, com toda a Sua dor, sabia-se preferido pelo Pai, não tirava a Sua dor, mas vivia tudo na relação com o Pai. Agarrei-me mesmo a estas palavras e vinha trabalhar mais contente, acordava com vontade de "morder a vida", como me contou a Joana, e encarar com curiosidade e um olhar a procura de onde O veria.
O Natal aproximava-se e a minha colega andava melancólica por causa da sua mãe, que morreu de cancro há três anos. E eu pensava o que é que poderia dizer a uma rapariga que vai passar mais um Natal sem a presença física da mãe. O que é que eu posso dizer ao pai da minha colega? Ao homem que sentia a dolorosa ausência do amor da sua vida, como me contava a filha (eu só o tinha visto uma única vez). Eu só podia dizer a verdade. Peguei num cartão (o único que enviei) e escrevi as palavras que me contou a Joana (escrevi porque acredito mesmo!) e dei à minha colega junto com um DVD do nosso filme La Strada Bella.
O José, pai da minha colega, tinha visto o filme e ficou muito comovido. Queria agradecer-me. Então convidei-o para vir à nossa EC. Ele veio a primeira vez e disse-nos "Só vim ver se gosto, se não gostar não venho mais". Tem vindo sempre. Esteve no nosso retiro de Quaresma e ficou particularmente comovido quando Dom Giussani falou sobre a exigência de autenticidade. Porque ele, José, há pouco tempo reformado, como jornalista lutou sempre para ser ele mesmo, para manter a ética profissional e fazer um jornalismo a sério que não ferisse a privacidade e a dignidade dos outros, como me contou. E, por isso, viveu nos últimos anos um ambiente bastante hostil no trabalho. Diante do olhar e das palavras de Don Giussani este homem sentiu-se abraçado e comoveu-se. Ainda no retiro conheceu a nossa amiga Carla (já tinha ficado impressionado com o testemunho dela) que, com o seu jeito bastante descontraído, mas sério, de acolher, impressionou este nosso amigo. Ele contava-me a conversa – o Encontro, digo eu! – que teve com a Carla, de como ela era diferente, especial. Digo-lhe eu: "A Carla é uma santa mulher. É mesmo!" E o José: "Claro que é! Santa Carla!" E sorrimos os dois.
O José até agora não falhou uma EC. Queria ter ido ao Papa e de certo modo foi, esteve atento e acompanhou tudo. Sábado passado assistimos ao filme La Strada Bella e hoje disse-me: "Eu não sei explicar, mas sei que desde que comecei a fazer EC qualquer coisa mudou aqui dentro".
Estou tão feliz de ver tudo o que Nosso Senhor faz! Sinto-me num novo início e mais livre do que nunca. Nunca amei tanto a minha liberdade! Com ela posso afirmar Jesus! E afirmar o outro. Só eu posso fazer, ninguém pode fazer por mim. Realmente posso dizer: "Give me Jesus, give me Jesus, / you can get all the world but give me Jesus".
Fabiana, Arouca