©Tommaso Prinetti/Fraternità CL

«O ponto firme que torna certo o caminho»

A mensagem de Davide Prosperi aos licenciados e recém-licenciados dos Universitários do movimento que começram a peregrinação de Loreto até Roma para participar do Jubileu dos Jovens com o Papa Leão XIV, nos dias 2 e 3 de agosto em Tor Vergata
Davide Prosperi

Caros amigos,

estou próximo de todos vocês neste momento tão especial das vossas vidas e estou muito feliz por terem decidido enfrentá-lo juntos, aceitando a proposta que o padre Francesco e os seus amigos vos fizeram. A peregrinação para a qual eles vos convidaram é parte de um caminho muito mais amplo, como Giussani disse aos estudantes do CLU durante os Exercícios Espirituais de 1985: «O caminho que propomos […] é como uma febre sempre crescente, é um gosto de vida, é uma
alegria sempre crescente» (O encontro que acende a esperança, Paulinas, Lisboa 2025, p. 65).

Quando somos chamados a fazer escolhas importantes, esta é a decisão mais importante a ser tomada: aceitar o chamamento que o Senhor nos faz através da Sua companhia, que é a Igreja.
De facto, este é o único «Ponto firme entre as ondas do mar» – como cantava o Chieffo («Canzone dell’ideale») – que torna o nosso caminho seguro, a única condição para sermos capazes de enfrentar qualquer escolha, para enfrentarmos qualquer circunstância.

Na Jornada pelas vocações, o Papa Leão XIV recordou-nos que «tantas vezes Jesus diz no Evangelho: “Não tenhais medo!”». Mas como dizer isso a pessoas que são chamadas a reconhecer a sua vocação? Na mesma ocasião, o Papa insistiu na importância do verbo “escutar”: «Como é importante escutar! Jesus diz: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz” (Jo 10,27). […] É muito importante ouvir a voz do Senhor, escutar-nos a nós próprios, neste diálogo, e ver para onde o Senhor nos chama» (Homilia na Cripta da Basílica de São Pedro, 11 de maio).

Percebemos melhor, então, que o único ponto de apoio que pode vencer o medo é a Sua presença. A nossa esperança não se baseia na nossa capacidade de análise ou na nossa criatividade, mas no facto de que o Senhor nos ama e responde sempre; a mim, sempre me respondeu. Não tenham medo de pedir aquilo de que realmente precisam, estejam seguros! Eu posso errar em tudo, posso ter negligenciado alguns dados ou sobrestimado outros aspetos, mas há alguma coisa na minha vida que não depende de mim, que não “me larga” se eu errar, mas que sempre espera por mim e me chama para Si, como o pai do filho pródigo.

Pensemos em Maria. Na casa de Loreto, vocês terão a oportunidade de rezar no lugar onde ela recebeu o anúncio do anjo. Muitas vezes Giussani nos convidou a que nos identificássemos com aquela rapariga de cerca de quinze anos, que ficou sozinha quando o anjo se foi embora depois daquele anúncio que iria virar a sua vida de cabeça para baixo. Na realidade, o anúncio iria marcar também as nossas vidas, dividindo a história do mundo, mas Maria não podia ainda ver isso. No entanto, ela nunca duvidou do que lhe havia sido prometido; a sua certeza não dependia do que ela podia ver, do que conseguia perceber, mas estava enraizada numa presença, uma criança que crescia no seu seio e que, mais tarde, ao tornar-se homem, fundaria a Igreja. E, através da Igreja, tornou-se presença também para nós.

Pois bem, hoje somos chamados a assumir uma autoconsciência nova, ou seja, a tornarmo-nos cada vez mais conscientes de que «o que aconteceu com Nossa Senhora, acontece connosco!», como diz Giussani: «Quem é chamado pelo Batismo está destinado a ser, no mundo, parte dessa realidade na qual o criador daquilo que o evangelho chama “anjo”, que a Nossa Senhora apareceu como anjo, se realiza na história. É exatamente a mesma coisa. De quem nos veio o anúncio de que Deus se fez homem? […] O anjo para vocês é esta vossa companhia, foi ele e o Bispo e o Papa. O anjo chama-se Igreja» («O sinal dos sinais», Litterae Communionis março/1998, p. III).

É esta a certeza em que se funda a nossa esperança. Acolhamos, então, o convite que o Papa nos dirige: «Caminhemos juntos na Igreja, peçamos ao Senhor que nos conceda esta graça: poder escutar a sua Palavra para servir todo o seu povo» (Homilia na Cripta da Basílica de São Pedro, 11 de maio).

Que Maria, que é mãe da Igreja, nos acompanhe e sustente ao longo do caminho que o Senhor nos chama a percorrer juntos.

Bom caminho!

Com amizade,
Davide Prosperi