Uma oportunidade para pôr a política ao serviço da pessoa

O manifesto da CDO - Companhia das Obras Portugal no contexto das eleições de 18 de maio de 2025

Cada pessoa é constituída por uma exigência de beleza, de justiça, de verdade e de felicidade para a sua vida.

A atividade política deve, em qualquer circunstância, estar ao serviço da pessoa, para que se sinta livre para procurar respostas a estas exigências das quais é feita.

A liberdade é, pois, o ponto central do exercício da política, sob pena de se transformar numa atividade vazia, sem utilidade e sentido, colocando a pessoa à mercê dos ditames ideológicos presentes na nossa sociedade. E a História demonstrou, até à exaustão, os perigos da imposição de ideologias à pessoa humana.

De facto, um projeto político centralizador é suscetível de gerar a exclusão social e favorecer a afirmação de um Estado intrusivo e ideológico.
Como dizia Don Luigi Giussani em 1987, "um poder político que sufoca, não favorece, muito menos defende, a criatividade social, antes contribui para criar ou manter uma sociedade onde domina o autoritarismo do Estado".

O poder político, nos seus variados setores de intervenção, deve dar primazia à pessoa e à sociedade civil da forma mais descentralizada possível, apontando para a valorização de realidades sociais como as empresas, as obras sociais e as famílias, pilares fundamentais da sociedade, que se renovam diariamente graças ao empenho de muitos, que concretizam o seu desejo de bem e justiça, para si e para todos.

É para este impulso positivo que a política deve olhar e que é chamada a reconhecer e apoiar com estima, potenciando a livre iniciativa dos cidadãos e das realidades sociais.

Isto tem implicações nas mais diversas áreas, designadamente, na liberdade de educar, na liberdade religiosa, no apoio aos mais pobres, e no direito a viver, base de todos os direitos do Homem.

Todos estes direitos, exercidos em plena liberdade de decisão e consciência, não retiram ao Estado o dever de, subsidiariamente, assumir as suas responsabilidades na garantia das condições de dignidade da pessoa humana, atuando sobretudo junto dos mais necessitados, e não necessariamente dos mais ruidosos.

Estas eleições elegem deputados, e o Parlamento deve ser o lugar onde cada um exprime os seus pontos de vista, procurando a verdade em cada tema, sem políticas de cancelamento, e evitando a polarização crescente, numa atitude construtiva, de diálogo social e de compromisso, que tenha como finalidade o bem comum.

Na política, como na vida, apesar das diferenças que nos distinguem, precisamos de ver o outro como um bem e respeitá-lo, não o cancelando à partida.

A política tem de ser também um lugar de encontro, de mediação e de construção da paz, neste mundo cheio de conflitos armados, destruidores dos pilares que sustentam a convivência e o desenvolvimento.

A paz como sinal de esperança, presente junto dos mais pobres e vulneráveis da sociedade, e como resposta às exigências de verdade, de justiça e felicidade constitutivas da pessoa humana.

A verdadeira paz é fruto da justiça, dando a cada um o que é seu, antes de mais dando voz ao outro, para que todos possam dar o seu contributo. Esta virtude da justiça faz ressurgir no coração dos Homens a certeza de que não pode haver um verdadeiro bem, se não houver também o bem de todos.

Nas últimas décadas do século XX, viveu-se um clima de esperança de um futuro melhor para as gerações seguintes.

Porém, atualmente, constatam-se sinais crescentes de desânimo, sendo disso exemplos a emigração de jovens qualificados, a abstenção nos atos eleitorais, e um individualismo que privilegia a obtenção de benefícios imediatos, em detrimento do bem comum.

Estamos certos que só se pode ter uma verdadeira esperança no futuro se vivermos uma experiência de positividade no presente.

A CDO Portugal está totalmente disponível e empenhada no diálogo social com todos, com vista à promoção de uma sociedade mais livre, mais justa, e em que a pessoa esteja sempre no centro das preocupações políticas.

A democracia não se resume ao direito de votar, mas é o direito de construir realidades sociais de acordo com um ideal partilhado.

Só através de um poder político que respeite o indivíduo e a sociedade civil, e entenda o exercício do poder como um serviço, poderemos encetar um caminho que volte a colocar a política ao serviço da pessoa, devolvendo, assim, a esperança a Portugal.

CDO - Companhia das Obras Portugal