O Papa Leão XIV saúda a praça de São Pedro (©Ansa/Vatican Media)

“Habemus Papam”: voltou Pedro

Da espera ao fumo branco. E depois, a alegria e a gratidão de um povo diante das primeiras palavras do Papa Leão XIV, que se abeirou da Varanda das Bênçãos. Um relato da praça
Silvia Guidi

Um filho de Santo Agostinho, um Papa norte americano que, como primeiro gesto do seu Pontificado, reza com todo o povo de Deus uma Avé Maria. E escolhe um nome antigo, que nos recorda o pontífice da Rerum Novarum. O Cardeal Robert Francis Prevost, originário de Chicago, é o novo sucessor de Pedro.

A Igreja tem de novo um pastor, o 267° da sua história, Leão XIV.

Chegado a Roma aos 27 anos para estudar Direito canónico, tornou-se Papa numa luminosa tarde de maio, cheia de sol. O fumo branco subiu ao céu pouco depois das 18h, fazendo explodir a alegria dos romanos. Depois o Te Deum cantado na Capela Sistina, o burburinho da praça suplantado pelo som festivo dos sinos, a corrida para São Pedro, o olhar fixo sobre os panos de veludo vermelho da Varanda das Bênçãos, entre bandeiras, faixas, camisolas ao vento como velas, à falta de outra coisa. E música, tanta música: dos cânticos da JMJ às bandas da polícia do Estado da Cidade do Vaticano e à banda da Armada dos Carabinieri, o hino de Mameli e a serena grandeza do hino do Vaticano, de Charles Gounod.

Como sempre, é uma explosão de gratidão a que precede e acompanha o Habemus Papam. «Annuntio vobis gaudium magnum», entoou o Cardeal Mamberti depois de se abeirar da Varanda. Acabou o tempo da Sede Vacante.

As pessoas exultam numa via da Conciliação repleta de crianças vestidas como bailarinos de flamengo (no Auditório da Conciliação, tinham acabado de interpretar uma versão d’ O barbeiro de Sevilha, pensada especialmente para elas), num rodopio de cores, por acaso, “cardinalícias”, branco, vermelho e preto.

É dia 8 de maio. É a festa de Nossa Senhora de Pompeia, e é precisamente o Papa Prevost que o recorda nas suas primeiras palavras depois da eleição. Voltou o “doce Cristo na terra”, como lhe chamava Santa Catarina de Siena. Voltou Pedro.