Um Longo Caminho até Lisboa
Na sua viagem apostólica ao Chile, a 2 de Abril de 1987, o Papa São João Paulo II encontrou-se com os jovens e transmitiu-lhes aquela que é, no seu âmago, a razão de ser e o objectivo da Jornada Mundial da JuventudeDiz o Papa aos jovens chilenos (tradução livre):
“[A]mados jovens, estai atentos a não permitir que se enfraqueça em vós o sentido de Deus. Não se pode vencer o mal com o bem se não houver esse sentido de Deus, da Sua acção, da Sua presença, que nos convida a apostar sempre pela graça, pela vida, contra o pecado, contra a morte. Está em jogo o destino da humanidade: o homem pode construir o mundo sem Deus, mas este mundo acabará por se voltar contra o homem. Contra o homem! (…) Não tenhais medo de olhar para Ele! Olhai para o Senhor. O que vedes? É só um homem sábio? Não! É mais do que isso. É um profeta? Sim. Mas é mais ainda! É um reformador social? Muito mais do que um reformador, muito mais. Muito mais! Olhai para o Senhor com olhos atentos e descobrireis n’Ele o próprio rosto de Deus. Jesus é a palavra que Deus tinha de dizer ao mundo. É o próprio Deus que veio compartilhar a nossa existência, cada uma! No contacto com Jesus, surge a vida! Longe d’Ele só há escuridão e morte. Vós tendes sede de vida? De vida eterna? De vida eterna? De vida eterna? Buscai-a! E encontrai-a em quem não só dá a vida, mas em quem é a própria Vida! Ele! Esta é, meus amigos, a mensagem de Vida que o Papa quer transmitir aos jovens (…): buscai a Cristo, contemplai a Cristo, vivei em Cristo. Esta é a minha mensagem.”
É precisamente isto que a JMJ é: um verdadeiro convite de conversão, dirigido quer aos cristãos, que sempre carecem de se converter todos os dias à santidade, quer àqueles que ainda não O encontraram. A JMJ vem permitir o contacto com Cristo, de onde surge a vida! Vem apelar aos jovens para que busquem a vida eterna e que não tenham medo de o fazer.
Para este encontro acontecer e dar frutos, é preciso preparar o nosso coração para aquilo que vamos experienciar. A JMJ começa antes daqueles primeiros dias de Agosto. E que melhor forma de nos prepararmos para a JMJ do que aprender ou recordar aquilo que foram as anteriores?
E é aqui que o livro Um Longo Caminho Até Lisboa, de Aura Miguel, pode ser um precioso contributo, um livro que, recordando o passado, prepara para o futuro.
“O ofício do jornalista não consiste em observar externamente e analisar assepticamente o que acontece. Quem comunica e informa, deixa-se tocar pela realidade que encontra e, por isso, é capaz de a contar apaixonando os seus ouvintes e os seus leitores. Só quem se deixou apaixonar e comover faz apaixonar e comover quem ouve e quem lê”. Estas são as palavras do Papa Francisco no Prefácio do livro da Aura. Afirma o Papa Francisco e comprovei-o eu mesma: a Aura, ao longo das treze JMJ em que participou, deixou-se apaixonar e comover. Com o seu livro, permitiu que também eu, ao lê-lo, me apaixonasse e comovesse com aquilo que viveu e que recordasse aquilo que eu própria vivi.
O livro da Aura permite-nos fazer uma viagem pelas Jornadas que tiveram lugar ao longo dos últimos anos. Como o próprio nome do livro o indica, o destino final dessa viagem e desse longo caminho feito é Lisboa e a Jornada que aqui ocorrerá nos próximos dias. Sendo de fácil e rápida leitura, o livro ajuda-nos a fazer uma verdadeira preparação para o grande evento que vamos ter a graça de receber no nosso país. Relembra-nos os momentos mais importantes e marcantes de cada Jornada, situando cada uma delas cronologicamente nos acontecimentos do mundo da altura; e, acima de tudo isto, leva-nos a focar na forma como somos convidados a vivê-las, preparando o nosso coração e ajudando-nos a rezar.
Tal como o Papa, um dos aspectos que mais gosto do livro da Aura é o “pormenor” de enquadrar cada JMJ no tempo em que ocorreu, com uma breve cronologia dos acontecimentos a serem vividos em Portugal, no mundo e na Igreja. Este é um detalhe que alerta logo para o modo como a JMJ deve ser vivida: devemos estar imersos e atentos ao que nos rodeia. Nós, cristãos, somos chamados a viver e testemunhar a nossa Fé no meio do mundo em que vivemos e não dele isolados. A JMJ não é feita à porta fechada: é um encontro da Igreja com o mundo, que visa levar Cristo a quem não teve a oportunidade de O conhecer e permitir que quem já O encontrou O possa viver e experienciar ao lado de outros milhares de jovens. Ao longo de todo o seu livro, através das histórias e momentos que recorda, a Aura evidencia isto mesmo, mostrando-nos como ocorreu, para si, este encontro com Cristo nas JMJ.
O entusiasmo e a alegria com que a Aura viveu as JMJ é palpável em cada página que se lê. Um relato pessoal muito autêntico que resume as JMJ e que nos deixa ansiosos por as vivermos nós próprios.