«Como preenchê-lo, este abismo da vida?»

O 2º capítulo do livro de Julián Carrón O brilho dos olhos - O que é que nos arranca do nada?
Julián Carrón

A pergunta que colocámos no centro da nossa atenção é fundamental: «O que é que nos arranca do nada?». Como é que podemos, no inevitável drama da vida, não sucumbir à nossa vulnerabilidade e à nossa impotência? O que é que pode responder ao vazio de sentido? O choque provocado pelo Coronavírus, que abalou cada um de nós fazendo-nos recear pelas nossas vidas, tornou ainda mais premente a pergunta, colocando-nos na condição de triar com maior clareza as tentativas de resposta.

1. Tentativas insuficientes
a)Argumentos que já não prendem ninguém
Alguns pensam que basta um discurso para vencer o desafio do nada que avança. Mas os meros discursos, como a nossa experiência nos demonstra, não chegam. Um pensamento, uma filosofia, uma análise psicológica ou intelectual não são capazes de fazer recomeçar o humano, de voltar a dar fôlego ao desejo, de regenerar o eu. As bibliotecas estão cheias disso e, com a Internet, tudo está ao alcance da mão, mas ainda assim o nada espalha-se. Tornamo-nos tanto mais conscientes desta insuficiência quanto mais prestamos atenção ao que se agita no íntimo de cada um de nós. «No ser humano está em jogo alguma coisa que é obscurecida, suprimida, ignorada, distorcida. Como penetrar em tal couraça, e como saber se é esta a sua aspiração última? Empenhados no estudo do comportamento humano, demasiadas vezes descuramos a desorientação humana».

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