O que é que nos arranca do nada? Introdução

A introdução do texto que Julián Carrón está a preparar sobre o tema "O que é que nos arranca do nada?"
Julián Carrón

Caríssimos amigos,
tínhamos marcado encontro nos Exercícios Anuais da Fraternidade com a pergunta: «O que é que nos arranca do nada?». Um imprevisto imponente e dramático obrigou-nos a renunciar ao nosso encontro, sempre profundamente aguardado por todos. Isso não fez a pergunta perder força, antes a tornou ainda mais premente, devido à natureza do desafio que estamos a enfrentar no mundo inteiro. A situação criada torna, portanto, ainda mais urgente o confrontarmo-nos com a pergunta, procurando uma resposta que se revele à sua altura. Pareceu-nos por isso necessário continuar a acompanharmo-nos neste tempo vertiginoso, em que o nada pesa tão fortemente sobre a vida de todos. Desejamos estar diante da provocação que a todos diz respeito sem nos retrairmos, o que nos permitirá verificar se o conhecimento novo e a afeição nova, próprios da «criatura nova» gerada pelo Batismo, se estão a tornar em nós «a consciência normal com que se atravessa todo o complexo de circunstâncias do real» (L. Giussani-S. Alberto-J.Prades, Gerar rasto na história do mundo, Paulus, Lisboa 2019, p. 83). Don Giussani oferece-nos uma sugestão metodológica preciosa para levar a cabo esta verificação: «Para que a mentalidade seja verdadeiramente nova é preciso que da consciência do seu “pertencer” ela esteja continuamente empenhada na confrontação com os acontecimentos presentes». O empenho na confrontação com os acontecimentos presentes é o método que nos é indicado para que a mentalidade se torne verdadeiramente nova. Com efeito, «se não tem que ver com a experiência presente, o conhecimento novo não existe, é uma abstração. Neste sentido, não fazer juízos sobre os acontecimentos é mortificar a fé» (ibidem, p. 84). A promessa de que tal comparação pode fazer florescer em nós aquela criatura nova, que nasce do Batismo e é despertada no encontro com uma comunidade cristã viva, torna fascinante este nosso caminho comum. O texto que estou a preparar, e sobre o qual iremos trabalhar nos próximos meses, pretende ser o seu instrumento. Aqui de seguida, podem ler a Introdução.

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