Fé e Solidão
O que é que quer dizer verdadeiramente “estar sozinho”? E como é que se pode viver a «finita infinidade» que somos? A intervenção do presidente da Fraternidade de CL no congresso “Inimiga solidão”, (Florença, 16 de novembro de 2019)
A solidão é um fenómeno que tem inúmeras facetas, que serão sem dúvida proveitosamente abordadas neste congresso. A própria definição de solidão que surge no programa atesta já a variedade de significados que a palavra pode assumir: a solidão é «definida como a sensação subjetiva da falta de um apoio no momento de necessidade. [...] A solidão [...] exerce uma influência negativa na saúde» (do site nemicasolitudine2019.com). Mas ainda que possa ser entendida assim, continua em aberto a pergunta sobre a natureza da «necessidade» e da «falta» que provocam a solidão.
Lembro-me dos versos do poeta Mario Luzi:
«De que é falta esta falta,
coração,
de que de repente te enches?
De quê? Rompido o dique,
inunda-te e submerge-te
a enchente da tua indigência…
Vem,
talvez venha,
de além de ti
um chamamento
que agora, porque agonizas, não ouves.
Mas existe, a música perpétua guarda
a sua força e o seu canto… voltará.
Tem calma»
(Sotto specie umana, Garzanti, Milano 1999, p. 190).
A interrogação colocada pelo poeta agrava a urgência de compreender a fundo a natureza da solidão. No âmbito de um congresso que pretende oferecer, como se lê no programa, «um panorama das principais causas que determinam hoje a solidão das pessoas de qualquer idade, em particular das idosas», foi-me pedido para falar de “fé e solidão”. Mas para indicar o contributo que a fé pode dar, é preciso primeiro identificar com precisão em que consiste a solidão humana, que nas pessoas idosas adquire uma especial dramaticidade.
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