Cristo no limbo ressuscita os eleitos (séc. XV). Capela de Saint Sebastien, Lanslevillard. França

Exercícios da Fraternidade 2019. A primeira lição

Apontamentos da primeira meditação dos Exercícios Espirituais de Comunhão e Libertação, intitulados: «O que é que resiste ao impacto do tempo» (Rímini, 12 de abril).
Julián Carrón

«Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5,8)


Diante da pergunta «O que é que resiste ao impacto do tempo?», a resposta não pode ser os nossos sentimentos
ou os nossos estados de alma, os nossos pensamentos ou os nossos argumentos, que «já não interessam a ninguém».
Por isso, encaremos de frente a nossa pergunta! Nós não temos medo nenhum de levar a sério as perguntas mais desafiadoras que podem surgir na vida: não queremos virar-nos para o outro lado, não queremos contentar-nos com consolos baratos, queremos ser homens e mulheres capazes de olhar para tudo.

Uma universitária, num encontro de responsáveis, fez-me uma pergunta de forma direta que nos faz perceber
o problema: «No passado fim de semana fizemos um encontro dois dias para receber novos alunos, que foi
muito bonito para mim e aconteceu num momento muito complicado. Dei-me conta de que no final do encontro
estava diferente. O ponto é que, de volta a casa, bastaram vinte minutos, aconteceu uma coisa sem importância
e voltei ao meu nervosismo, como se aquela coisa que me tinha mudado, a beleza que acontecera naqueles dois
dias, não resistisse. Por isso, a minha pergunta é: o que é que aconteceu ali e o que é que, depois, resiste na vida quotidiana?».

Podemos dizer, esquematizando ao máximo, para esclarecer de maneira muito simples, que a situação em que
muitas vezes nos encontramos é esta: nós vimos de uma experiência A (neste caso, um momento muito complicado) e acontece B (aquela rapariga vai para o encontro e acontece alguma coisa que a move, que a torna
diferente), mas pouco tempo depois, como se nada tivesse acontecido, como se B não tivesse existido, voltamos
a A e voltamos ao princípio. Parece que o que nos aconteceu desaparece, não tem forças para durar, para
atravessar o tempo, para continuar a mudar-nos...


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