Bancos de Solidariedade: Assembleia com Carrón
«O que quer dizer para ti dares-te conta da tua verdadeira necessidade? O que introduz na tua vida? Este é o objetivo da caritativa.» Apontamentos da assembleia nacional dos BdS com o presidente da fraternidade de CLAndrea Franchi (conhecido como “Branco”). Bem vindos à 12ª Assembleia Nacional dos Bancos de Solidariedade. Saúdo-vos, e às pessoas que nos acompanham por vídeo-conferência em cinquenta cidades. Começo por agradecer ao padre Julián, que está aqui connosco para nos ajudar a olhar com profundidade para a experiência que fazemos através do gesto da caritativa, que marca a experiência dos Bancos. Como vocês sabem, nestes meses demo-nos como trabalho a comparação entre a nossa experiência e o texto do diálogo que o Julián teve com os jovens do CLU, e que foi publicado na Passos de maio, para continuar um caminho. Em particular, nesta brevíssima introdução, quero sublinhar que, nesse diálogo, o Julián dizia que no gesto que fazemos há muito mais do que aquilo que nós vemos. Eu tive isso bem presente há algumas semanas, quando estive com uma jovem que me disse: “Eu distribuo os pacotes de alimentos; no outro, dia, marquei encontro com uma família nova; fui, saí do carro um pouco à pressa, porque estava a começar a chover, comecei a tocar, a água aumentava, mas ninguém abria. Pensava: “Mas então? Telefonei há um quarto de hora, disse-me: ‘Estou em casa, venha!’ “Até que finalmente, enquanto a água continuava a cair cada vez com mais força, respondeu:” Sim, sim, vou mandar a minha filha abrir” e eu:” Mas não podias carregar tu no botão, porque eu estou aqui a molhar-me toda?” Passados mais cinco minutos, chega finalmente a filha e diz: “Sabes, é que eu estava na casa de banho”. Voltei para casa um bocadinho irritada: “Mas como? Com tudo o que faço, volto encharcada e um bocadinho irritada”. Então eu perguntei-lhe: “E acabou assim?” Foi um dia para esquecer? “Não. Voltei para casa irritada, cheia de dúvidas, perguntas, mas a dado momento comecei a fazer Escola de Comunidade”. E eu: “Como se fosse um rebuçado para tirar o gosto amargo?” Ela respondeu-me: “Não, como a única possibilidade que tinha, que me veio à cabeça naquela tarde, de olhar para o facto a fundo e não o reduzir à chuva, à irritação, porque houve alguém que levou um quarto de hora a abrir-me a porta”. Isto impressionou-me, porque é o que está contido na experiência que propomos com este gesto. Mesmo as músicas que acabamos de ouvir não foram repescadas ao acaso: «Voltar a ser criança e recordar… / E recordar que tudo é dado» (C. Chieffo-M. Neri, «Amare ancora», Cancioneiro, CL, Coimbra, p. 177) é o propósito do gesto da caritativa, isto é, recordar a necessidade que tens e Quem é que na vida te disse: “Eu sou a resposta”. Ou: “Tu preocupas-te com mil coisas, mas uma só é aquela que vale” (C. Chieffo, “Marta, Marta”, Cancioneiro, op.cit., p. 213); em tudo que fazemos, em que é que nos apoiamos? Para que serve em relação à necessidade que temos? Se um gesto de caritativa não nos ajuda a fazer este trabalho, para que serve? Vamos já de seguida começar a contar a experiência que vivemos; com a ajuda do Julián, vamos tentar vê-la a fundo... (continue a ler no anexo)
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