As forças que movem a história são as mesmas que fazem o homem feliz
Será este o título do próximo Meeting de Rímini que acontecerá de 19 a 25 de agosto de 2018. Veja aqui o comunicado final para a imprensa sobre a edição deste ano“Muito bonito. Gente sincera que tenta fazer algo diferente. A Itália da diversidade, da variedade. Este é o novo olhar de Itália”. É o conteúdo de uma mensagem de WhatsApp, escrita no final do dia de sexta-feira pelo diretor da Biblioteca de Alexandria, Mostafa El Feki. Uma mensagem que responde de longe a uma observação de Oliver Roy: “Faz falta abrir um espaço de espiritualidade na Europa”, como resposta ao nihilismo que gera a violência. Ou como insistia o Secretário de Estado do Vaticano na intervenção final do Meeting, o Cardeal Pietro Parolin: “Exatamente num momento como este, no qual a humanidade é atropelada pela violência, ameaças, medo e injustiças, o diálogo é a única estratégia que podemos adotar. A Igreja só pode fazer-se palavra, mensagem, súplica, diálogo nesta estratégia”.
Assim foi a edição de 2017 do Meeting para a Amizade entre os Povos, que aconteceu de 20 a 26 de agosto na Feira de Rímini. Um Meeting que tentou reconquistar a herança de 38 anos de história, não com fórmulas fáceis, mas com a curiosidade, o encontro paciente com outro, a atenção à diversidade, o aprofundamento dos temas mais quentes. Por exemplo, o trabalho, nas exposições “A cada um o seu trabalho” e “Para que tudo possa existir”; ou as exposições sobre arte contemporânea, a Custódia da Terra Santa e as novas gerações de filhos de imigrantes. Ou, ainda, a crise, vista em todas as suas faces – graças a contribuição de Luciano Violante – como uma possibilidade de renascer. Ou os espetáculos que abrem novas possibilidades. Pensemos na colaboração com a China National Opera House com a Madame Butterfly ou nas produções do Meeting “Pai e filho” e “Um choque do coração”.
A XXXVIII edição foi marcada pelos seus conteúdos e também pelos números. A frequência de pessoas foi extraordinária (a prova disso é o número de pessoas atendidas na área de alimentação, que superou em dois mil o número de 2016); assim como as doações, que dobraram a quantidade do ano passado, com cem mil euros recolhidos, os 10 mil mp3 de áudio-guia nas exposições, e, naturalmente, os 118 encontros com 327 conferencistas, 17 exposições, 14 espetáculos com 21.000 espectadores, 31 eventos desportivos. Nos 130.000 metros quadrados totais da feira (21.000 dedicados à alimentação) participaram 2.259 voluntários, somando-se outros 400 no “pré-Meeting”, de 12 a 19 de agosto. Também são consideráveis os números da comunicação: 600 jornalistas credenciados (20% a mais que no ano passado), 1.478 artigos de imprensa impressa, 1.447 na internet, 316 ligações televisivas e 154 emissões na rádio, com um total de 3.395 serviços. As redes sociais também não foram menos presentes: ao longo da semana, 1.175 novos seguidores na página @meetingrimini de Facebook, 515.000 utilizadores únicos e 400.000 interações, entre “gostos”, partilhas e comentários. Além de 166.000 visualizações de vídeo no Facebook e 250.000 no Twitter. No que toca a custos, o Meeting 2017, que recebe escassas contribuições públicas, conta com um orçamento de 5.490.000 euros, onde as entradas principais são com publicidade de empresas (3 milhões e meio de euros) e lucro dos restaurantes (1.135.000).
Pode-se dizer que para o Meeting de Rímini o ano de 2017 foi o ano do compromisso com a paz. Um tema que caracterizou os testemunhos desde Israel, Egito e Venezuela, Jerusalém com o testemunho do Custódio da Terra Santa, o Padre Francesco Patton, mas também com as orações de pessoas de diferentes religiões, cada uma na sua forma, realizadas no espaço dedicado à amizade entre don Giussani e o Monge budista Shodo Habukawa. O núncio na Síria, o Cardeal Mario Zenari, falou de paz, assim como o diretor da Biblioteca de Alexandria, Mostafa El Feki, também Monica Maggioni (uma das criadoras do espaço “Muros” junto com Paolo Magri) e o Presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani. O Secretário Geral da NATO, Jens Stoltenberg, quis destacar que “o mundo necessita realmente de uma boa dose do espírito do Meeting de Rímini exatamente neste momento”.
A edição inaugurada pelo Presidente do Conselho de Ministros da República Italiana, Paolo Gentiloni, e descrita de uma forma entusiasmante a partir do seu título pelo Administrador Apostólico de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, que viveu diretamente a visita à Russia do Secretário de Estado do Vaticano Pietro Parolin. Os protagonistas desse evento, o metropolita Hilarion e o próprio Parolin, falaram no auditório do Meeting na terça-feira, 22 de agosto, e no sábado, 26 de agosto.
O segredo do Meeting 2017? Estava já nas palavras que o Papa Francisco escreveu na sua mensagem do dia 20 de agosto: “Não temos espaços para defender porque o amor de Cristo não conhece fronteiras intransponíveis”. Não temos nada a defender porque quem nos indica o caminho são “testemunhas credíveis” - não os que oferecem receitas pré-fabricadas, mas sim os que nos ajudam a “aguçar a vista para decifrar nos muitos sinais (mais ou menos explícitos) a necessidade de Deus como sentido último da existência, para poderem oferecer às pessoas uma resposta viva”.
“Quero sublinhar este último adjetivo utilizado pelo Papa”, comenta Emilia Guarnieri, presidente da Fundação Meeting para a Amizade entre os Povos, “porque uma resposta que não seja viva, que não indique passo a passo um caminho, que não se torne companhia entre as pessoas, ainda que muito diferentes entre si, hoje já não tem nada para dizer. Por isso, a atenção aos jovens, à qual nos convidava a mensagem do presidente Mattarella ao Meeting, não se converteu no habitual discurso sobre os millennials, mas num novo protagonismo dos jovens”.
O tema da 39ª edição do Meeting para a Amizade entre os Povos, que será realizada na Feira de Rímini de 19 a 25 de agosto de 2018, será “As forças que movem a história são as mesmas que fazem o homem feliz”.