Queridos irmãos e irmãs,
Gostava de poder saudar cada um de vós, (…) gostava de estar aí, mas dado que não posso viajar, faço assim… Mas estou muito próximo de vós nestes momentos de prova. Eu disse, no regresso da minha viagem à Turquia: os cristãos estão a ser expulsos do Médio Oriente, com sofrimento. Agradeço-vos o testemunho que dais; há tanto sofrimento no vosso testemunho. Obrigado! Muito obrigado!
Parece que aí não querem que haja cristãos, mas vós dais testemunho de Cristo.
Penso nas chagas, nas dores das mães com as suas crianças, dos anciãos e dos desalojados, nas feridas de quem é vítima de violência de todo o tipo.
(…) Causa especial preocupação o facto de, sobretudo por causa de um grupo extremista e fundamentalista, comunidades inteiras, especialmente – mas não só – os cristãos e os yazidis, terem sofrido e ainda sofrerem violências desumanas por causa da sua identidade étnica religiosa. Cristãos e yazidis foram expulsos à força das suas casas, tiveram de abandonar tudo para salvar a sua vida e não renegar a fé. A violência atingiu também edifícios sagrados, monumentos, símbolos religiosos e patrimónios culturais, como que querendo eliminar todo e qualquer vestígio, toda e qualquer memória do outro.
Na qualidade de chefes religiosos, temos a obrigação de denunciar todas as violações da dignidade e dos direitos humanos!
Eu hoje queria aproximar-me de vós, que suportais este sofrimento, estar junto de vós… E penso em Santa Teresa do Menino Jesus, que dizia que ela e a Igreja se sentia como uma cana: quando vem o vento, a tempestade, a cana verga-se, mas não se quebra! Vós sois neste momento esta cana, vos vergais com dor, mas tendes esta força de levar avante a vossa fé, que para nós é testemunho. Vós sois as canas de Deus hoje! As canas que se abaixam com este vento feroz, mas depois se levantarão!
Quero agradecer uma vez mais. Peço ao Espirito que faz novas todas as coisas, que a cada um de vós conceda força e resistência. É um dom do Espírito Santo. E ao mesmo tempo peço com força, como já fiz na Turquia, uma maior convergência internacional decidida a resolver os conflitos que ensanguentam as vossas terras de origem, a combater as outras causas que levam as pessoas a deixarem a sua pátria e a promover as condições para que possam permanecer ou regressar. Faço votos de que regresseis, que possais regressar.
Queridos irmãos e irmãs, estais no meu coração, na minha oração e nos corações e orações de todas as comunidades cristãs às quais pedirei para rezar, de modo especial por vós, no dia 8 de Dezembro, rezar a Nossa Senhora para que vos proteja: Ela é mãe, que Ela vos proteja.
Irmãos e irmãs, a vossa resistência é martírio, orvalho que fecunda. Por favor, peço-vos que rezeis por mim, que o Senhor vos abençoe, que Nossa Senhora vos proteja.

Vídeo-mensagem transmitida em 6 de Dezembro de 2014