Vida de Chiara Corbella Petrillo

Uma história de Evangelho vivido na carne, que se torna boa nova que não se pode conter, revelando os contornos do mesmo rosto e do mesmo amor que nos encontrou também a nós.
Inês Dias da Silva

Na passada 6ª feira, dia 28 de Novembro, conheci o Simone, a Cristiana e o Enrico e através deles a Chiara Corbella Petrillo. Estavam lá outras 500 pessoas no auditório do Colégio de S. João de Brito, mas pouco se deu por elas, porque, como eles próprios disseram, estavam ali na condição de discípulos de Jesus e aquilo que tinham para contar era algo que não podendo guardar só para si, tornou-se um dom pessoal para cada um.
Falaram com um espanto que permanece mesmo depois da morte de Chiara a 13 de Junho de 2012. O espanto pela serenidade com que viveram os últimos 4 anos da sua vida e amizade, não obstante a intensidade que os fazem parecer 40.
No espaço destes 4 anos, Chiara e Enrico tiveram dois filhos que viram nascer e morrer nas primeiras horas de vida e pouco tempo depois descobriram em Chiara, já grávida do seu terceiro filho, um tumor maligno cujos tratamentos decidiram atrasar para permitir que nascesse Francesco, o seu primeiro filho são.
Desta experiência vivida à luz da fé, nasceu de forma surpreendente a certeza de que 'Nascemos e jamais morreremos', hoje publicado em português numa edição do Apostolado de Oração, à venda durante a próxima semana numa banca no Colégio de S. João de Brito e nalgumas livrarias.
Os factos contados bastavam para impressionar, mas era o olhar ainda deslumbrado pelo que tinham vivido juntos, pelo Encontro que fizeram, pela experiência de amor verdadeiro, 'um amor que nunca pode ser medíocre', que mais impressionou. 'Eu vi que se pode morrer feliz' diz Enrico, que trabalhando como fisioterapeuta numa unidade de cuidados paliativos onde se morre diariamente, diz nunca ter visto ninguém morrer como morreu a sua mulher Chiara, aos 28 anos.
'Com Chiara era fácil estar certo da eternidade'. Talvez por isso, no vídeo que mostraram, as imagens do seu casamento e do funeral da sua mulher, confundem-se. É uma mesma festa de amor. As indicações de Chiara para o seu funeral foram claras: ninguém deverá levar flores; mas Enrico deve comprar imensas para que cada pessoa possa levar uma para casa, pois basta olhar para uma flor para nos recordarmos de que não somos nós os criadores de nada.
Sobre a sua situação presente, viúvo cuidando do seu filho, Enrico diz que o Passado e o Futuro são lugares onde o diabo ataca, só no Presente se joga tudo e podemos receber a Graça de Deus. É na sua experiência de paternidade que vê espelhada uma paternidade maior.
"Deixar-se amar por Deus é a única coisa que importa, pois quem se sente amado, pode tudo".
Enrico diz-se de novo em discernimento. Com a morte de Chiara, o sacramento do matrimónio atingiu o seu objectivo - ser companhia no caminho para o Céu.
Para viver agora, faz como fazia para viver com Chiara, dando os Pequenos Passos Possíveis. Não como em Caná, que acabando o vinho os noivos não tinham sequer as vasilhas cheias de água, mas antes 'a nossa tarefa é fazer o que podemos, encher as vasilhas de água e Ele fará então o milagre de a transformar em vinho."