
«Entra no gozo do teu Senhor»
O livro com os textos da introdução, das assembleias e da síntese final do Convívio de jovens de CL Europa, que se realizou em Ávila, Espanha, de 15 a 17 de novembro de 2024Da introdução de Ettore Pezzuto, responsável da Comissão Internacional de Comunhão e Libertação
[...] Viemos de 19 países europeus. Menciono-os porque vale a pena conhecer-nos e saber de onde vimos: Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Irlanda, Luxemburgo, Malta, Noruega, Países Baixos, Polónia, Portugal, República Checa, Espanha (que nos acolhe com grande prazer), Suécia, Suíça e Hungria.
Estes dias de convívio em Ávila dirigem-se a uma geração jovem que enfrenta desafios laborais e se interroga sobre a sua vocação e o seu papel no mundo.
O convívio de jovens italianos em Assis foi proposto pela primeira vez em março de 2023 por duas razões principais:
1) Em primeiro lugar, pelo desejo de oferecer um espaço de reflexão sobre o contexto em que vivemos. Hoje, mais do que nunca, a mentalidade dominante exerce uma forte pressão sobre as nossas consciências, influenciando o modo como encaramos a realidade, muitas vezes sem nos darmos conta. Como dizia don Giussani já em 1960: «Nunca o ambiente, entendido como clima mental e modo de vida, teve, como hoje, à sua disposição instrumentos para uma invasão tão despótica das consciências. Hoje, mais do que nunca, é o ambiente, com todas as suas formas de expressão, o educador por excelência, ou o deseducador». A sociedade moderna exerce uma pressão que leva à redução das questões últimas do coração, em que não é tanto o verdadeiro sentido das coisas que é posto em causa, mas antes a própria possibilidade de as coisas terem sentido.
2) A segunda razão é a de nos fazermos companhia. Para muitos de nós, o movimento é uma realidade familiar, muitos dos presentes estão no movimento há muitos anos. É uma parte da nossa história pessoal, algo em que crescemos. No entanto, por vezes, o movimento pode ser entendido como uma realidade que nos precede, já existente antes da nossa entrada e que prescinde do nosso contributo. A verdadeira questão, ou melhor, o principal desafio – como o Papa nos recordou na audiência de 15 de outubro de 2022 na Praça de São Pedro, convidando-nos a assumir a responsabilidade pessoal pelo carisma – é compreender se o movimento é algo de que apenas recebemos, passivamente, ou se é verdadeiramente a nossa experiência. “Nossa” no sentido de que a pertença não só nos forma, mas também é capaz de gerar vida nova. Fazemos parte de um movimento, Comunhão e Libertação, que se regenera continuamente através do nosso envolvimento ativo.
Propusemos como imagem um quadro do pintor L.S. Lowry, intitulado Going to Work. É uma imagem em que todos nos podemos rever nas nossas ações quotidianas: é uma fábrica em Manchester, no Reino Unido, num dia feito de momentos cinzentos, tal como há momentos cinzentos e monótonos também nos nossos dias, quando vamos trabalhar. Mas também há dias bonitos e coloridos.
Relativamente ao ir trabalhar todos os dias, a verdadeira questão é que não vale a pena passar pela vida sem um objetivo; quantas vezes don Giussani nos disse isso! Se uma pessoa se levanta de manhã e não sabe porque é que tem de ir trabalhar, está condenada. É duro, é mesmo duro. Se, pelo contrário, há um objetivo pelo qual vale a pena gastar a vida, então o âmbito em que isso se pode verificar mais claramente é precisamente o trabalho. [...]