"Que quer dizer esta solidão imensa? E eu, o que sou?"
...Que quer dizer esta Solidão imensa?
E eu, o que sou?...
Vivemos num tempo em que não faltam ajudas à vida e ao trabalho do homem, que tendem progressivamente até a substituí-lo nas tarefas mais árduas ou entediantes. Ao mesmo tempo, estamos rodeados de cenários de depressão, burnout ou tantos outros sinais de esmagamento de um ser humano que se sente cada vez mais sozinho.
Concebemo-nos sozinhos e sentimo-nos muitas vezes pressionados, fragmentados ou compartimentados, como se o nosso eu não conseguisse comunicar com a realidade nem, antes de mais, consigo próprio - daí a solidão.
Quando, no dia-a-dia, surgem as perguntas sobre o valor da pessoa e das suas tarefas ou sobre a relação com quem encontramos e nos põe em causa – no emprego, na família ou nas amizades –, tentamos esconder-nos. É inevitável: é o impacto da realidade em nós. Para quê empenhar-me nisto ou naquilo? Porque vale a pena amar e sofrer? O que me faz reagir nesta ou naquela circunstância? Muitas vezes, criamos uma realidade artificial à qual não damos o direito de nos surpreender.
Ainda assim, a complexidade da situação pode ser uma ajuda: quando a inteligência artificial parece ser capaz de substituir o Homem – nas suas inteligências fragmentárias, nas suas competências sociais e técnicas –, emerge, poderosa, a pergunta: o que é o ser humano para lá disso — para lá da sua aptidão para resolver problemas, para lá da sua força de trabalho...? Depois de ser reduzido a um conjunto de dados que, processados, oferecem ao homem o que parece que precisa, o que fica ainda?
O que é o Homem?..., e eu? — a emergência desta pergunta, em muitos que se confrontam com a mudança acelerada e imprevisível das nossas sociedades (e da nossa consciência), será, pelo menos, ocasião de encontro entre todos os que se reconhecem na pergunta de Giacomo Leopardi: e eu, o que sou?
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