Um Olhar que me liberta

No dia 6 de outubro, tive oportunidade de participar com mais alguns amigos italianos do CLU no encontro do Papa e dos bispos com os jovens, por ocasião do Sínodo.

Chegámos cedo e fomo-nos juntando, encontrámos um lugar na fila, passámos a segurança, mas tivemos de esperar por uma amiga que ainda estava no metro, porque tínhamos o bilhete dela. Várias pessoas passaram por nós, grandes grupos de jovens, todos menos a nossa amiga, e começámos a dar-nos conta que íamos ficar com os piores lugares, o que significa que íamos estar muito longe do Papa. A nossa amiga chegou e veio ter connosco e caminhámos todos juntos para entrar na Sala Nervi. À porta do edifício, um grupo de bispos falava animadamente e vários Guardas Suíços formavam um cordão humano que separava os retardatários do encontro e aquele grupo. No centro do grupo todos os olhares convergiam para o Papa, que estava a conversar com os bispos e a sua presença era tão discreta que algumas pessoas nem reparavam nele.

Eu dei-me conta de que ia passar a menos de três metros do Papa e o primeiro impulso era tirar o telemóvel para registar o momento e aquela proximidade, mas depois hesitei e lembrei-me dos milhares de turistas que vi em várias igrejas de Roma, a fotografar avidamente tudo o que viam, quase sem sequer olhar para o objeto e sem encontrar alguma coisa que lhes correspondesse ao coração. Então, continuei a andar, olhando fixamente para o Santo Padre e sorrindo de espanto por aquele encontro improvável. Quando nos cruzámos o olhar paternal dele desviou-se da conversa e cruzou-se com o meu. Foi um momento indescritível! Como é bom sentir-me amado e reconhecido só por um olhar, um olhar velho, cansado, humano, mas que transmite uma grande alegria e amor, pelo simples facto de estar ali com ele. Não é uma celebridade, não é uma mascote que está ali para sorrir e acenar, é uma pessoa para quem Jesus se tornou tudo, que dar a vida por Ele é ocasião de alegria, e olha para nós com o desejo de nos fazer conhecer Jesus. Um olhar que nos liberta, que nos quer livres e a caminhar. Durante o encontro estavam jovens de todo o mundo que cantaram, dançaram, contaram histórias e fizeram perguntas ao Papa e aos bispos. No final, o Papa disse algumas palavras: “Sede jovens que olham para o horizonte, não para o espelho” e insistiu na importância de saber largar o telemóvel e a internet, quando não nos aproximam do mundo, deste horizonte que o Papa nos deseja mostrar.
Ricardo, Alverca