Reconhecer a nossa dependência

Uma amiga contou-nos o que é para ela a Escola de Comunidade:

Começou mais uma semana; a azáfama é grande, são os miúdos com a escola, as coisas de casa para preparar e mais uma jornada de trabalho nos aguarda. Parece tudo tão difícil! Rezo sempre e peço a Deus para me ajudar em mais uma semana que se inicia.
Tento iniciar a semana com a preparação do texto da Escola de Comunidade, mas, na verdade, nem sempre consigo.
Quando, finalmente, chega a quinta-feira, dia da nossa Escola de Comunidade, estou sempre curiosa e com um desejo imenso de estar com os nossos amigos, revê-los, ouvir o seu testemunho e, principalmente, partilhar com eles a forma como Cristo está presente na minha vida. Que grata estou pela sua companhia! Esta é talvez, para mim, a maior ajuda: ouvir testemunhos, mas também ser convocada a partilhar a experiência que faço de Cristo nos momentos mais inesperados e mais simples do meu dia. No princípio, confesso, causou-me alguma estranheza partilhar as minhas preocupações, os meus anseios e até mesmo as minhas alegrias com pessoas que não conhecia. Decorridos sete anos, desde que iniciei a escola de comunidade, sinto que a unidade que Cristo traz à minha vida manifesta-se, principalmente, pela companhia destes novos amigos que, de ano para ano, vou conhecendo, sem nunca esquecer os que, por um motivo ou outro, passaram e deixaram a nossa Escola de Comunidade. Neles encontrei e encontro Cristo, sempre, sem juízos, sem preconceitos…Ali sinto, verdadeiramente, que sou o outro para quem se deve olhar atentamente, com o mesmo Olhar que Cristo tem para todos: um olhar amigo, protetor que nos dá plena liberdade de ação. Porque experimentando esta companhia, a mesma companhia que Cristo nos faz, jamais conseguiremos fazer outra escolha que não esta, reconhecendo definitivamente a nossa dependência. E o mais extraordinário é aprender, a cada dia que passa, que não devo ter vergonha de mostrar as minhas chagas, pois fazê-lo aproxima-me verdadeiramente de Cristo e faz-me crescer na fé, trazendo à minha vida a tal unidade de que vos falo. Só esta unidade com Cristo dá sentido a tudo o que me rodeia, pois é a partir dessa unidade que tudo na minha vida se constrói. Saber-me dependente de Alguém que me perdoa e que me revela, de forma incrível, que é possível sentir alegria - daquelas alegrias que não passam, podem murchar, mas ficam para sempre – e gratidão pelas chagas que a vida nos traz. É o que sinto e sei desde que encontrei os meus amigos do Movimento. A Escola de comunidade desperta-me para todas estas evidências que Cristo me revela.
Que bela é a nossa Escola de Comunidade! Quando saio de lá sinto-me renovada, sinto que sou uma melhor pessoa, simplesmente porque durante aquele tempo abro as portas totalmente a Cristo. Aquelas portas que as circunstâncias da vida, por vezes, sem eu dar conta, fecham. “

Carla, Lisboa