Desafiar Cristo

Podemos queixar-nos das dificuldades em que estamos ou estar gratos por ter ocasião para verificar se Cristo pode preencher o nosso coração em qualquer situação. É uma escolha livre: recriminar ou desfrutar das circunstâncias. Cada um tem que decidir.

Estou a atravessar uma circunstância difícil de trabalho, no meio de muitas outras que não são as que eu escolheria.

O episódio que deu origem à dificuldade concreta no trabalho tem a ver com um problema grave que tornou insustentável a relação de trabalho com uma colaboradora. Reparei que, perante esse facto, estava completamente dominada pelo medo, pela tristeza, pela angústia em relação ao que ia acontecer e ao que já estava a acontecer. Estava mesmo obstinada quanto à possibilidade de bem que dali poderia vir… Estava até zangada, como se fosse vítima de uma grave injustiça por isto me estar a acontecer.

No meio desta turbulência, uma amiga enviou-me uma mensagem com uma frase do Carrón - “podemos queixar-nos das dificuldades em que estamos ou estar gratos por ter ocasião para verificar se Cristo pode preencher o nosso coração em qualquer situação. É uma escolha livre: recriminar ou desfrutar das circunstâncias. Cada um tem que decidir.”

Decidi então pela enésima vez na vida (e nunca fui desiludida!), desafiar Cristo, decidi aproveitar a circunstância para verificar se Ele podia preencher o meu coração tão vazio naqueles dias… Rezei e pedi seriamente isto, como um grito arrancado do meu mais profundo ser.

No dia seguinte, ia encontrar pela primeira vez a pessoa em causa depois da “cena” e acordei surpreendentemente em paz, tranquila e até alegre. Contente, mesmo! Achei que ia durar pouco mas não. Durou todo o dia, permitiu que eu a encarasse com realismo e objectividade em relação ao problema que tínhamos para resolver e isso foi muito duro. A única diferença é que reparei que havia uma alegria em mim que eu não conseguiria arrancar mesmo que quisesse; não eliminou a dificuldade, nem a dureza, mas venceu-a.

Percebi mais alguma coisa de Jesus, conheci melhor Jesus porque vi que Ele entra e vence; é uma presença que me muda a mim e não a circunstância. E é uma presença cheia de Amor porque me abraça e enche o meu coração de alegria e de paz.

Ainda não consigo afirmar que desejo esta circunstância, que abraço esta dificuldade, mas sei que, de outro modo, certamente não teria feito esta experiência e, por isso, estou grata.
Catarina, Lisboa