A liberdade não dá descanso!

O presente desafia-nos. As circunstâncias abanam-nos.
Os desaires políticos, os atropelos à dignidade do homem… tudo nos leva a um desânimo e à sensação de que voltamos ao início.

A guerra no mundo, os imigrantes e os refugiados, os cristãos e outros perseguidos e mortos pela sua fé, os reféns que podíamos ser nós, a ameaça que cada vez parece mais perto… tudo nos leva a um desânimo e a uma sensação de não termos para onde nos voltar.
À nossa volta parece que tudo se desmorona, tudo cai… todos nos sentimos no meio de um terramoto, a querer fugir do terror de um mundo sem sentido.
Mas será mesmo assim? Será esta a leitura que somos forçados a fazer? Ou podemos olhar para esta realidade e tirar outras conclusões? O encontro com a misericórdia de Deus, em Cristo encarnado teve assim tão pouca importância na nossa vida? Não mudou em nada a nossa forma de olhar a realidade? Afinal de que serve acreditar que um dia Deus entrou na nossa vida… se nada mudou? Acreditamos ou experimentámos mesmo uma mudança?
Podemos dizer que a mudança que Deus tem vindo a trazer às nossas vidas é a certeza de que a esperança não é vã. A certeza de que quem nos sustenta não é uma ideologia, mas uma pessoa e que essa pessoa deu a vida por nós. Por isso não existe o medo sem sentido. Tudo tem um sentido e tudo é um pedido de ser mais e ir mais além, amar mais. Talvez tenhamos ficado ainda presos no voluntarismo, no agir, e agora somos chamados a amar com a compaixão de Cristo, até à morte. Ainda não demos tudo, ainda não demos o que faltou à paixão de Cristo.
Agora olhamos de outra forma para o Jubileu da Misericórdia e percebemos que o Papa Francisco foi profeta. Mais do que nunca precisamos da misericórdia e de nos vermos envolvidos pelo seu abraço. Mais do que nunca precisamos de reconhecer que somos os primeiros necessitados e os primeiros beneficiários deste mistério que é sermos amados por Deus!
Se tivemos a experiência do encontro com o Amor, nada nos pode fazer desanimar. Animemo-nos uns aos outros na certeza do amor de Cristo, em especial agora que nos preparamos para celebrar a encarnação. O Natal não é quando um homem quer. O Natal é a celebração do dia em que Jesus encarnou, ou poderíamos dizer, do dia em que a misericórdia se fez carne para melhor nos poder encontrar e para que pudéssemos já, aqui e agora viver com a certeza de que a vitória do Amor já aconteceu.

Maria José, Lisboa