
Dom Paulo Romão: «Quem é filho torna-se pai»
Até agora bispo auxiliar do Rio de Janeiro, irá conduzir a diocese de Paranaguá, no Sul do Brasil. Deixando a cidade onde conheceu o Movimento e foi uma presença constante para as comunidades, para regressar às suas origensNa noite de sábado, 20 de setembro, toda a comunidade do Rio de Janeiro se reuniu para festejar Dom Paulo Romão, que dentro de poucos dias estará de mudança, pois foi nomeado Bispo da Diocese de Paranaguá, no Sul do País. Depois da celebração da missa, concelebrada por diversos sacerdotes, foi prestada uma homenagem a Dom Paulo com uma apresentação da sua história através de fotos, música ao vivo, comida e bebida, e um bolo dos parabéns. Uma alegria contagiante era visível no rosto dos presentes. Apareceram amigos de longa data e pessoas que conheceram a comunidade há pouco tempo. Entre elas estava o Léo, que levou a sua filha de quase 2 anos e a mulher grávida do segundo filho. Tinha ficado fascinado com as aulas daquele professor na Pontifícia Universidade Católica, que o iria acompanhar no seu caminho vocacional. Alguns enfrentaram duas ou três horas de viagem, provenientes de cidades vizinhas como Caxias e Petrópolis, para estarem presentes: um povo que se reuniu para demostrar a sua gratidão pela paternidade deste amigo querido.
Na homilia, Dom Paulo afirmou: «O verdadeiro fundamento da nossa vida é amar e servir o Senhor». E isso é visível nele, que fascina quem o conhece com a sua transbordante paixão por Cristo. Tanto que fez um pedido aos presentes: «Rezemos todos os dias para sermos fiéis à nossa vocação, testemunhando a beleza da fé onde Ele nos coloca. E o cristianismo comunica-se por inveja, porque somos tão felizes, tão inteiros, que o outro deseja ser assim. E cada um de nós é chamado a viver isso, não só os padres. Cada um de nós, na sua vocação, é chamado a comunicar naturalmente que ser cristão, ser católico, torna a vida cem vezes mais bonita e mais interessante. E toda a gente deseja isso». Uma certeza que nestes anos cativou muitas pessoas. E é essa a marca que ele deixa na comunidade de CL do Rio de Janeiro, onde foi acolhido quando era ainda um jovem trabalhador, e lugar que fez vir à tona a sua vocação para o sacerdócio. Durante alguns anos, com efeito, conduziu a comunidade local até ser nomeado Bispo Auxiliar na Arquidiocese. Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, agradeceu-lhe pela sua capacidade de proximidade e diálogo: «Além do seu empenho na educação e na evangelização dos jovens, marcou presença constante nas comunidades, apoiando e encorajando os nossos sacerdotes e animando com entusiasmo o povo de Deus. A Igreja do Rio de Janeiro tem muito a agradecer-lhe».
A nova cidade onde irá viver, uma diocese de cerca de 300 mil pessoas, representa um regresso a casa, pois encontra-se no mesmo estado onde Dom Paulo nasceu, apesar da distância de 500km entre as duas localidades. Na vida simples do campo, trabalhando a terra junto com os seus cinco irmãos, Paulo viveu desde criança a experiência da fé seguindo os seus pais, Benedito e Maria Alves, profundamente católicos e devotos ao Senhor. Quando a inquietação o levou, aos 20 anos, a procurar algo mais, chegou ao Rio de Janeiro para trabalhar e terminar os estudos. O convite de uma amiga do liceu levou-o a conhecer dois sacerdotes italianos de Comunhão e Libertação, Giuliano Renzi e Filippo Santoro, que tinham chegado ao Brasil em 1984. E, naquele abraço, encontrou mais do que esperava, encontrou o seu lugar e o seu caminho. «Hoje assumo esta missão porque quem é filho torna-se pai», sublinhou ontem. E confiou-se desde logo à padroeira local, Nossa Senhora do Rocio, na certeza de que «pedindo à Mãe, o Filho ouve».