Papa Leão XIV entre a multidão durante o Jubileu dos movimentos, associações e novas comunidade (©Giovanni Dinatolo/Fraternità CL)

Roma. A vida é promessa

A Vigília de Pentecostes com o Papa Leão XIV no sábado passado, a missa na manhã seguinte. Dezenas de milhares de pessoas lotaram a Praça de São Pedro por ocasião do Jubileu dos movimentos, associações e novas comunidades
Silvia Guidi

«A vida é promessa.»

Uma frase estampada em centenas de camisolas, que se tornou real, experimentável sob o sol de junho, durante o encontro do Jubileu da Esperança dedicado aos movimentos, coincidindo com a Vigília de Pentecostes. Uma promessa procurada materialmente, deslocando-se na Praça de São Pedro para alcançar a sombra das fontes, para cumprimentar um amigo, um colega ou um parente avistado de longe, abrindo caminho entre as mochilas-banquinhos da Fraternidade de CL, que são passadas de uma geração a outra de peregrinos, no meio de bandos de crianças felizes por poderem brincar livremente, aproveitando a alegria incomum dos adultos.

Um gesto preparado durante meses, que começou com a organização do acolhimento para quem viria, literalmente, do outro lado do mundo. Familiar e concreto, como o «perfume de uma pessoa querida». A imagem é do Papa Leão, numa das frases mais compartilhadas nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp nestes dias: «Assim como o amor torna familiar o perfume de uma pessoa querida, reconhecemos, nesta noite, o perfume de Cristo uns nos outros. É um mistério que nos espanta e nos faz pensar».

«Sol escaldante, filas intermináveis, o cansaço da peregrinação…», escreve Piera, que está em Roma com o seu grupo de Fraternidade: «As queixas duraram pouco. Na praça, muitas pessoas desconhecidas, mas que eu sentia conhecer, sorridentes. Amigos em grupos, alguns com dificuldades, outros bem dispostos, alguns em silêncio, outros numa alegria barulhenta… Éramos peregrinos, irmãos, imperfeitos mas já perfeitos juntos num caminho rumo à Verdade. Um pedaço de mundo novo neste mundo. E depois o convite do Papa: “Não sejais predadores, mas peregrinos”. Aqui estamos».

E Emanuela disse: «Jubileu dos movimentos. Saí de casa com uma dose extrema de cansaço. Não é um período fácil, talvez nem fosse o caso de ir nessas condições. Mas fui porque esse gesto foi-me indicado pela história que invadiu a minha vida há muitos anos. Fui porque tenho certeza de que encontrarei algo de bom para mim, porque essa história nunca me traiu. Ao cansaço somou-se uma viagem um pouco pesada, um começo de convivência com os meus amigos que não era exatamente o que eu esperava. E entrei na fila para entrar na Praça de São Pedro com os nervos à flor da pele. Esperei com os meus amigos, mas com todos os meus problemas na cabeça. Até que chegou o Papa Leão. Ele deu a volta no papamóvel. Eu vi-o no ecrã, porque estava longe. E aí percebi: ao olhar aquele rosto, o rosto de Leão XIV, caíram todas as barreiras, todos os “mas”, os “ses”, os “poréns”. E com eles, o peso do último período. Tenho a nítida perceção de que aquele rosto sorridente encarna o rosto de Cristo, que estou ali por isso, para que fique evidente para mim, mais uma vez, que o sentido da minha vida é seguir aquele rosto dentro de uma companhia. Estou emocionada e comovida. Compartilhei tudo imediatamente com colegas e amigos que ficaram em casa, enviando-lhes uma foto do rosto do Papa. Estou menos cansada? Os problemas foram resolvidos? Não, mas agora tudo tem um Significado diferente. Obrigada, Papa Leão. Obrigada, Deus, por me ter querido na companhia da sua Igreja».

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«Jesus muda o mundo porque muda os corações», escreve o Paolo, de Bolzano: «Guardo principalmente a beleza do gesto em si. Estava cercado de gente da América do Sul e de África, junto com os da minha terra. E por amigos de Trento que fazem parte da minha história de fé, e que, aliás, eu não via havia muito tempo. Foi impressionante viver essa circunstância junto de pessoas que vieram do outro lado do mundo por causa desse gesto. Isso fez-me lembrar o valor e a consciência de ser filho, de pertencer à única Igreja de Deus. Uma coisa que me tocou foram os testemunhos, a riqueza e a beleza do bem que pertencer a Cristo gera quotidianamente. Todos os dias os jornais e as televisões transmitem sobretudo notícias de dramas e tragédias, parece que não há espaço para mais nada. Aqui, ao contrário, dá para ver como, silenciosa mas amplamente, a Igreja de Deus todos os dias, a cada instante, semeia novidades e uma esperança real. São nomes e apelidos, vidas de homens e mulheres que mostram à sociedade uma novidade possível».



«Eis que faço novas todas as coisas.» As mesmas coisas já não são as mesmas, na verdade, porque é o nosso olhar que mudou. Escreve Alice: «Voltei a Roma para ver o Papa com mais expectativa e alegria do que nas vezes anteriores; com a maturidade, ficam cada vez mais evidentes os motivos pelos quais se decide fazer um esforço. Tocaram-me os diversos testemunhos: o do nosso amigo Hussam Abu Sini, oncologista de Haifa, em Israel; o da família “neocatecumenal” espanhola na Ucrânia; e o do jovem com uma infância difícil que, graças a um encontro, encontrou força para mudar de caminho. Todos os carismas são dons de Deus para nos conduzir a Ele, segundo as modalidades que mais correspondem ao temperamento de cada um. Todos pertencem àquele fio condutor, àquela estrada que leva até Ele».

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Marco traz algo parecido: «Tocou-me o convite para caminhar junto com os outros. Não um apelo moralista, mas a indicação do caminho que existe e que nos foi mostrado – o da Igreja, que com os braços de Bernini nos acolhe e consola num abraço firme». E Dario: «Que beleza a Vigília de Pentecostes! Sentíamos um ar bom, novo. Cheio de entusiasmo pelo Papa Leão XIV e pela Igreja unida». E Filippo: «Vi muitos comovidos, em lágrimas, como se estivessem ajoelhados diante do Mistério que se renova na presença do Papa».

Uma experiência de plenitude pela qual só se pode agradecer, conclui Annarita: «Estar em São Pedro com todos, amigos e desconhecidos… Com o Papa. E com o Espírito Santo, cuja presença era percetível… Também eu só posso agradecer e pedir ao Espírito Santo que sopre sempre, nos meus ouvidos, na minha cabeça e no meu coração».