Passos n.º 2 de 2024

Saiu a Revista Passos n.º 2 de 2024 (edição trimestral), com o título «Para esperar, minha filha, é preciso ter recebido uma grande graça»

O Jubileu de 2025 será dedicado à questão de todos, e de todos os dias, cada vez mais: a esperança. Na Bula de proclamação, o Papa Francisco interroga-se: onde reside a nossa certeza? Qual é o fundamento da nossa esperança? O que é a felicidade? Que felicidade esperamos e desejamos? E aponta-nos a experiência vivida por São Paulo, que, segundo ele, não é de modo algum um ingénuo ou um iludido, «é muito realista». Por isso, a certeza do apóstolo é surpreendente: «Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?». Ele pode dizer isto, continua o Papa, porque «a esperança cristã não ilude e não desilude», pode dizê-lo com a força de uma experiência real desse amor, que torna certo o desejo.

Neste sentido, Charles Péguy diz que a esperança «não caminha sozinha», que para esperar «é preciso que a gente se sinta muito feliz. É preciso que a gente tenha obtido uma grande graça». É ele o autor que deu o título e acompanhou o percurso dos Exercícios Espirituais da Fraternidade de CL, cujo livrinho se encontra disponível em por.clonline.org. Este número reúne alguns testemunhos sobre o tema daqueles dias, sobre a confiança que se reacende no coração do homem, contra todas as probabilidades, pela novidade de vida que nasce do encontro com Cristo. Era a mesma que que investia Matteo Ricci ao ponto de se entregar sem cálculos, sem esperar pelos frutos. Acontecia há quatro séculos na China e acontece hoje, em Cuba ou no Chile, entre as paredes de uma casa ou de uma prisão de menores.
«O que me espanta, diz Deus, é a esperança». Péguy identifca-se com a surpresa de Deus pelo homem que espera, por essa «pequena esperança que parece não ser nada». Como o próprio método de Deus, o Seu modo de agir, «suave», definiu-o Bento XVI: «Só lentamente Ele constrói na grande história da humanidade a sua história. (…) Ele bate continuamente à porta dos nossos corações e, se lhe o abrimos, lentamente torna-nos capazes de “ver”». E assim, de nos espantarmos, para esperar.


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