Um empenho só para os audazes

A saudação que o P. Julián Carrón enviou a milhares de estudantes de liceu de toda a Itália reunidos em Rimini para o Tríduo Pascal
Julián Carrón

Caríssimos amigos,
Penso em cada um de vocês, dominado pelo desejo de se tornar grande.
Crescer quer dizer agarrar nas mãos as rédeas da própria vida.
Mas isto nem sempre é simples. Por vezes, com efeito, vem-nos a vontade de voltar para trás.
Era mais cómodo, menos trabalhoso, quando eram os outros que pensavam em enfrentar os problemas por nós.
E muitas vezes volta a pergunta: mas eu quero mesmo crescer ou prefiro ficar uma criança?

Ir atrás do desejo de se tornar grande pede um amor, uma paixão por si próprio.
Viver à altura do nosso desejo é um empenho.
E é só para os audazes, como vos digo muitas vezes; é para quem quer ser protagonista na primeira pessoa, sem descarregar a própria liberdade nos outros.

Sou eu que quero descobrir toda a beleza da vida, toda a intensidade que a minha vida pode alcançar.
Descobri-lo, lembra-nos D. Giussani, é uma "meta só possível para quem leva a vida a sério", sem excluir nada: "Amor, estudo, política, dinheiro, até à comida e ao descanso, sem esquecer nada, nem a amizade, nem a esperança, nem o perdão, nem a zanga, nem a paciência".
A razão desta audácia é a indestrutível certeza de D. Giussani de que "dentro (...) de cada gesto está o passo na direção do próprio destino".

Que arrepio levantar-se de manhã com a curiosidade de descobrir como cada gesto se pode revelar um passo para o destino, em cada desafio a enfrentar!
Podemos fazê-lo unicamente pela certeza de ter um companheiro de caminho como Jesus. "Eu estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo" (Mt 28, 20).

Com a Sua companhia podemos ousar enfrentar qualquer desafio, como nos testemunha alguém que não teve medo de se tornar grande, o Papa Francisco: "Não nos deixemos aprisionar pela tentação de ficar sozinhos e desconfiados a chorar sobre nós próprios por aquilo que nos acontece; não cedamos à lógica inútil e inconclusiva do medo, ao repetir, resignados, que está tudo mal e que nada é como era. Esta é a atmosfera do sepulcro.
Pelo contrário, o Senhor deseja abrir o caminho da vida, o do encontro com Ele, da confiança n'Ele, da ressurreição do coração, o caminho do 'Levanta-te! Levanta-te, vem para fora!'. É isto que o Senhor nos pede, e Ele está connosco para o fazer" (Homília em Carpi, 2 de abril 2017).

Boa Páscoa!
O vosso amigo Julián