A política que nos torna mais humanos
– As eleições são iminentes e há uma apatia que parece ferir o interesse pelo bem comum. Mas a descoberta de que ainda é possível «ser protagonistas da nossa história». Partindo de um simples folheto até ao diálogo com dois candidatos.O folheto “Protagonistas da nossa história”, que escrevemos para estas eleições políticas, fez-me descobrir que elas são uma oportunidade para verificar Cristo. Estou muito grato, mais contente do que estava antes.
Ver as campanhas e depois o primeiro debate presidencial fez-me sentir como todos os outros: vencido, por este «desejo profundamente humano de ser responsável actor, mas que não pode ser realizado». A consequência óbvia era, como se diz no folheto, a apatia. A apatia é provavelmente a reacção mais cómoda diante da verdadeira palavra: derrota. Mas também se diz no folheto que esta apatia é a crise da minha pessoa, de uma pessoa que perde a energia em experimentar um interesse pelo bem comum (que é o meu desejo). Os meus comentários eram iguais aos dos outros, e no meu queixume vi-me completamente imerso nesta apatia. Mas sabia que alguma coisa estava mal. Por isso voltei a ler o folheto.
Diz-se no folheto: «O empenho político não se deve limitar a uma participação no processo eleitoral», e que «para nos envolvermos na vida social e política tais como as associações de bairro, as iniciativas de reforma escolar, as assembleias das câmaras, os centros culturais ou as organizações benéficas de matriz religiosa, constituem uma oportunidade privilegiada, e não um hobby, para aqueles que têm um sentido cívico». Ao ler isto fez-se-me luz! Quando me comovia com um imigrante sem trabalho e sem visto e pedia a outros que me ajudassem, e agia para o ajudar, estava a fazer actividade política. Quando ajudava uma pessoa da minha paróquia que tinha ficado sem trabalho e me mexia com outros amigos, até que essa pessoa encontrava trabalho, isto era uma actividade política. Quando participava numa associação local de bairro para ter uma ajuda na segurança ou noutras questões, quando a minha igreja acolhe os sem-abrigo, quando os voluntários vicentinos visitam os doentes e lhes dão de comer, tudo isto é política. De repente descobri que Cristo me fez mais humano, mais interessado pelo bem dos outros, em vez de me queixar porque algum acima de mim não me ajuda.
Dar-me conta disto foi tão gratificante que fui para a internet para me informar mais sobre em quem votar e quem eram os candidatos locais. Escrevi-lhes e comecei a dialogar com dois candidatos para a Câmara do Minesota (de partidos opostos) e que me responderam. Hoje estive ao telefone com um deles durante vinte minutos, e expus-lhe as minhas preocupações sobre a assistência na saúde, sobre as opções para a escola, entre outras questões que têm a ver com a minha gente. Um amigo disse-me que querem pôr-se em contacto comigo porque querem o meu voto. É verdade, mas não explica tudo. Porque o meu voto num distrito de 40 mil pessoas não conta muito. Mas a sensação que tenho é que não havia muita gente a contactá-los. Por isso creio também que eles próprios estão desejosos de um diálogo.
É deste modo que eu estou a verificar Cristo através das eleições políticas. Primeiro porque a nossa própria existência (a Igreja, o Movimento) é um sujeito político, por causa da vida que foi gerada dentro de nós. Segundo, porque nesta companhia vi florescer o meu desejo. Cristo tornou-me mais humano. Estas eleições políticas (através do trabalho sobre o folheto) aumentaram a minha fé. Não estou vencido, estou entusiasta.
Sebastian, Minnesota (USA)