São Francisco de Assis
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Os primeiros biógrafos de Francisco, naturalmente animados com a grande revolução religiosa operada por ele, olharam igualmente com naturalidade os seus primeiros anos com augúrios e sinais de um terremoto espiritual. Mas, escrevendo mais distanciado no tempo, não diminuiremos aquele efeito dramático, senão o aumentaremos, se considerarmos que na época não se notava no jovem nada de particularmente místico. Ele nada tinha daquele senso primitivo da sua vocação, que tem sido o apanágio de alguns santos. A sua ambição de fama como poeta francês teria muitas vezes cedido a primazia ao seu desejo de adquirir fama como soldado. Ele nascera bom foi capaz da bravura normal infantil contudo, demarcara a linha da bondade e bravura muito próximo de onde a maioria dos meninos a teria demarcado por exemplo, ele sentia o horror humano da lepra, da qual poucos indivíduos normais sentiram necessidade de envergonhar-se. Tinha amor ao aparato vistoso e brilhante, inerente ao sabor heráldico dos tempos medievais, e parece ter sido inteiramente uma figura festiva. Se não pintou de vermelho a cidade, teria provavelmente desejado pintá-la de todas as cores do arco-íris, como num quadro medieval. Existem, porém, na história do jovem trajado vistosamente que corria ao encalço do mendigo maltrapilho, certas notas de sua individualidade natural que se devem levar em conta desde o começo até o fim (G. K. Chesterton).