«Eu esperei-te dia e noite»
A mensagem de Carrón aos peregrinos de Macerata-Loreto

38° Peregrinação a pé de Macerata a Loreto, 11 de junho de 2016
Julián Carrón

Caros amigos, caminhando para o Loreto irão descobrir mais facilmente a profundidade desmedida da vossa necessidade, se tiverem diante dos vossos olhos o testemunho que o Senhor nos deu para fazer um caminho humano hoje: o Papa Francisco. Quem poderia imaginar a sua resposta aos problemas do mundo e às urgências da vida? Um Ano Santo da misericórdia. «Sim, humanamente falando é de loucos, mas “o que é loucura em Deus é mais sábio que os homens, e o que é fraqueza em Deus é mais forte que os homens” (1Cor 1,25)». Aprendemos com o Papa este olhar: «Aquilo que encanta e atrai, aquilo que dobra e vence, aquilo que abre e liberta das cadeias não é a força dos meios nem a dureza da lei, mas a fragilidade omnipotente do amor divino, que é a força irresistível da sua doçura e a promessa irreversível da sua misericórdia».

A peregrinação é uma grande oportunidade para aprender a esperar o Senhor dia e noite e para poder reconhecer Cristo que, vindo ao nosso encontro, desperta em nós a necessidade de sermos perdoados, arranca-nos da nossa distração e atrai-nos de novo a Si, como fez com os discípulos de Emaús. Desejo que possam reviver a experiência do filho pródigo a caminho de casa cheio de saudades do pai, como disse o Papa nos últimos dias, percebendo «como bate o coração do nosso Pai. Era um coração que batia ansioso, quando todos os dias subia ao terraço para olhar. E olhava o quê? Se o filho voltava… A misericórdia faz-nos experimentar a nossa liberdade». Pois nada é mecânico, como cada passo que têm que fazer, é sempre a liberdade que deve decidir que posição assumir: a gratidão infinita do filho pródigo ou o escândalo do filho que permaneceu em casa. A gratidão faz avançar, o escândalo bloqueia-nos.

Que o silêncio e a oração vos encham de espanto pelo palpitar do coração de Deus em relação a cada um: será como reviver a longa viagem de Israel até Cristo, dominados por um abraço mais fiel do que a nossa infidelidade, «o abraço do Deus que nos cria, que nos criou e permitiu este mistério do pecado original: permitiu esta loucura desintegrante, esta impossibilidade de unidade e de perfeição; permitiu-a para preencher tudo com a sua natureza de Deus, ou seja, com a sua misericórdia» (Dom Giussani). Por isso não temos medo, não desanimamos e nem nos desesperamos, mas avançamos na esperança: «Uma positividade total na vida é o que deve guiar o cristão, seja qual for a situação em que se encontre, seja qual for o remorso que tenha, seja qual for a injustiça que sinta pesar sobre si, qualquer que seja a obscuridade ou a inimizade que o rodeiam, seja de que tipo for a morte que o assalte, pois Deus, que fez todos os seres, existe para o bem. Deus é a hipótese positiva sobre tudo o que o homem vive, mesmo que essa positividade pareça às vezes ser vencida em nós pelas tempestades da vida» (Dom Giussani).

Agradeço-vos pelo testemunho que irão dar, sustentados - como Maria – pelo vosso «sim» a Cristo e basta. Que no regresso às vossas casas transpareça nos vossos rostos uma diversidade impossível de outra forma, sinal do alcance da atração do olhar de Cristo, pois «a misericórdia é uma comoção que toca as entranhas» (Papa Francisco).

Entre as intenções de oração incluam uma especial pelo Papa Francisco e uma também por mim, pela renovação do meu «sim, Senhor, Tu sabes que eu te amo» em benefício das vossas vidas.

Unido a vocês na fé

padre Julián Carrón


Milão, 3 de junho de 2016

Baixe o formato PDF