O choque do coração

No dia dos funerais dos militares italianos mortos em Nassíria, no Iraque, Dom Giussani escreveu o texto lido na abertura do telejornal das 20h30 do Tg2 Rai. Um juízo para uma consciência mais aguda sobre o que está acontecendo no mundo

Que horror!
Que vergonha!
«Já nem o sol te alegra
Nem te desperta amor».

O Pranto antigo de Carducci preserva, no coração da história da Itália, o mistério pelo qual Dante Alighieri roga a Nossa Senhora que uma riqueza de humanidade nova afirme a vitória do bem, por meio da sua dor de esposa e mãe:

«Em ti todo o perdão, toda a piedade,
toda a doçura, no padrão superno
confluem da mais ínclita bondade».

Assim, o juízo da esposa do subtenente Coletta, que falou às câmeras dos telejornais, torna grande em nós o choque do coração.

«Em ti todo o perdão», pois o homem cai sem conhecer o onde, o como e o quando.
«Em ti toda a piedade», pois o homem é fraco, contraditório e frágil até a morte.
«Em ti toda a doçura»: é a comunicação de uma força de vitória como luz final.

A bondade é, para o homem, o motivo pelo qual agir.
Imaginem que canto popular poderia ressurgir se uma educação do coração das pessoas se tornasse horizonte de ação da ONU, em vez dos duelos de morte entre quem quer que seja - muçulmanos, herdeiros dos antigos hebreus ou latinos -, apoiados por aqueles que deveriam fazê-los cessar. Essa seria a verdadeira riqueza da vida de um povo!
Se houvesse uma educação do povo, todos viveriam melhor.
O medo ou o desprezo pela Cruz de Cristo jamais nos permitirão participar da alegria de viver dentro de uma festa popular ou de uma expressão familiar.
O testemunho de Dante Alighieri floresceu uma vez mais, na dor da senhora Coletta:

«Em ti todo o perdão, toda a piedade,
toda a doçura, no padrão superno
confluem da mais ínclita bondade».