Uma oportunidade para colocar o homem no centro da política para fazer renascer a esperança

Publicamos o manifesto de Comunhão e Libertação no contexto das eleições de 10 de março de 2024

Cada pessoa é constituída por uma exigência de beleza, de justiça, de verdade e de felicidade para a sua vida.

Para seguir esse desejo, que é constitutivo e inextirpável de cada um e que nos torna mais vivos e capazes de realizar grandes coisas, o Homem necessita de se envolver com a realidade.

Esta é uma premissa que qualquer interveniente político não pode descurar, pois toda a política deve servir o Homem para que ele se sinta livre para procurar respostas a estas exigências das quais é feito. A História demonstrou, até à exaustão, os perigos da imposição de ideologias à pessoa humana.

Nesta medida, o poder político, nos seus variados setores de intervenção, deve dar primazia à pessoa e à sociedade civil da forma mais descentralizada possível. Ou seja, deve respeitar o princípio da subsidiariedade. A democracia não se resume ao direito de votar, mas é o direito de construir realidades sociais de acordo com um ideal partilhado.

Isto tem implicações nas mais diversas áreas, nomeadamente:

- NA LIBERDADE DE EDUCAR. As famílias são soberanas nas escolhas educativas para os seus filhos e o Estado deve promover a liberdade de associação e de pluralidade de pedagogias educativas, de forma a proporcionar às famílias um leque de escolhas mais alargado, promovendo a autonomia de decisão das escolas;

- NA LIBERDADE RELIGIOSA. Cada pessoa tem o direito a ter ou não ter religião, de mudar de religião e de manifestar privada e publicamente a religião que professa;

- NO APOIO AOS MAIS POBRES, promovendo toda a caridade e assistência que a sociedade confere aos mais vulneráveis. De qualquer forma, o Estado nunca se deverá demitir de apoiar os mais necessitados, nomeadamente aqueles que não têm capacidade de promover o seu próprio sustento, por situação de deficiência, velhice ou debilidade, pois, apesar de terem reduzida capacidade para reclamar com o poder político, não podem ser esquecidos. O Estado deve privilegiar a sua atuação junto dos mais necessitados e não dos mais ruidosos;

- NO DIREITO DE VIVER, base de todos os direitos, interrompendo uma cultura de morte, desinteresse e descarte dos mais vulneráveis.

Nas últimas décadas do século XX, viveu-se um clima de esperança de um futuro melhor para as gerações seguintes. Atualmente, constatam-se sinais de desânimo e que nos afastam dessa esperança, designadamente a emigração de jovens qualificados, a abstenção e um individualismo que privilegia a obtenção de benefícios imediatos, em detrimento do bem comum.

Só se pode ter verdadeira esperança no futuro se vivermos uma experiência de positividade no presente.
Na política, como na vida, apesar das diferenças que nos distinguem, precisamos de ver o outro como um bem e respeitá-lo. Estas eleições elegem deputados, e o Parlamento deve ser o lugar onde cada um exprime os seus pontos de vista, procurando a verdade em cada tema. Sem políticas de cancelamento e evitando a polarização crescente. Numa atitude construtiva e de convergência que tenha como finalidade o bem comum.

Em síntese, apenas através de um poder político que respeite o indivíduo e a sociedade civil, e entenda o exercício do poder como um serviço, poderemos encetar um caminho que volte a colocar as pessoas no centro da política, devolvendo, assim, a esperança a Portugal.

COMUNHÃO E LIBERTAÇÃO