Padre Giussani, o padre da beleza

Pe. Giussani era o padre da beleza. Com sua voz rouca citava Dostoievski: “A beleza salvará o mundo”. E Platão: “O belo é o brilho do verdadeiro”. Às gerações de alunos que estudavam apenas para tirar um seis no boletim, “Gius” ensinou-os a gostar de Leopardi e Dante, Eliot e Péguy, dos filmes de Dreyer e Delannoy, dos afrescos de Masaccio e das telas de Caravaggio, dos corais russos e das melodias gregorianas, das sonatas de Beethoven e dos concertos de Mozart: a paixão pela música era uma herança do pai Beniamino, um artesão da madeira, socialista anárquico, que aos domingos à tarde sempre convidava para ir à sua casa algum músico. Giussani era amigo de Testori, incentivava a leitura de Pasolini e Pavese; nos últimos dez anos, dirigiu uma coleção literária (“os livros do espírito cristão”) e uma de discos (“Spirito gentil”). Aplicava ao pé da letra o ensinamento de são Paulo: “Avaliai tudo, ficai com o que tem valor”. Tudo, para Giussani, queria dizer tudo: os seus livros, cada vez mais numerosos, com o avançar da idade, transbordavam de citações dos autores mais imprevisíveis. Porque toda a realidade – não se cansava de repetir – é sinal de um outro. Chamava-o de várias maneiras. O Mistério bom. O destino. O infinito. A impossível correspondência. A atração de tudo. Ensinava que tudo remete a Deus e cada gênio humano é profecia de Cristo, ao ponto de, depois de fazer a comunhão, lhe ocorria de rezar repetindo as poesias de Leopardi. Jesus era o centro dos seus afetos. Giussani não lia o Evangelho: mergulhava nele, se identificava com ele. E para os seus rapazes parecia que tinha diante de si Zaqueu, o bom ladrão, o paralítico, os pescadores analfabetos que repentinamente encontram o homem de Nazaré e voltam para casa com a vida transformada.

(“Il Giornale”, 23 de fevereiro de 2005).

Padre Giussani, o padre da beleza

Pe. Giussani era o padre da beleza. Com sua voz rouca citava Dostoievski: “A beleza salvará o mundo”. E Platão: “O belo é o brilho do verdadeiro”. Às gerações de alunos que estudavam apenas para tirar um seis no boletim, “Gius” ensinou-os a gostar de Leopardi e Dante, Eliot e Péguy, dos filmes de Dreyer e Delannoy, dos afrescos de Masaccio e das telas de Caravaggio, dos corais russos e das melodias gregorianas, das sonatas de Beethoven e dos concertos de Mozart: a paixão pela música era uma herança do pai Beniamino, um artesão da madeira, socialista anárquico, que aos domingos à tarde sempre convidava para ir à sua casa algum músico. Giussani era amigo de Testori, incentivava a leitura de Pasolini e Pavese; nos últimos dez anos, dirigiu uma coleção literária (“os livros do espírito cristão”) e uma de discos (“Spirito gentil”). Aplicava ao pé da letra o ensinamento de são Paulo: “Avaliai tudo, ficai com o que tem valor”. Tudo, para Giussani, queria dizer tudo: os seus livros, cada vez mais numerosos, com o avançar da idade, transbordavam de citações dos autores mais imprevisíveis. Porque toda a realidade – não se cansava de repetir – é sinal de um outro. Chamava-o de várias maneiras. O Mistério bom. O destino. O infinito. A impossível correspondência. A atração de tudo. Ensinava que tudo remete a Deus e cada gênio humano é profecia de Cristo, ao ponto de, depois de fazer a comunhão, lhe ocorria de rezar repetindo as poesias de Leopardi. Jesus era o centro dos seus afetos. Giussani não lia o Evangelho: mergulhava nele, se identificava com ele. E para os seus rapazes parecia que tinha diante de si Zaqueu, o bom ladrão, o paralítico, os pescadores analfabetos que repentinamente encontram o homem de Nazaré e voltam para casa com a vida transformada.

(“Il Giornale”, 23 de fevereiro de 2005).