Olhos de pugilistas, coração de santo

Gino Agnese

Não havia nada de clerical, nem de devocional, nem de convencional, nem de óbvio, na sua postura diante dos estudantes: ao contrário, estes ficavam fascinados com a linguagem áspera e insólita daquele professor de “saia”, que indicava o cristianismo como um escândalo para o mundo, ou seja, como uma afronta à moral dominante, a moral dos insuspeitos virtuosos, ou seja, dos fariseus de todos os tempos. O fascínio do pe. Luís passou de uma classe para outra; e logo assentou as raízes em mais de uma dezena de estudantes, alguns dos quais se tornaram os divulgadores, os apóstolos de uma companhia (termo este que ele apreciava muito) que acabaria se ampliando de modo imprevisto, imprevisível. Antes mesmo de conhecer pe. Giussani, no início dos anos 80, fiquei curioso para saber as razões que lhe permitiam alcançar tamanha repercussão: e fui ouvir alguns daqueles alunos, hoje de cabelos grisalhos. Fiquei sabendo que aquele padre era capaz de fazer as pessoas perceberem, sentirem, a presença de Jesus Cristo aqui e agora; e de fazer com que o cristianismo fosse assumido não como uma doutrina ou como uma forte crença, mas como um fato; um fato que nascia de um dado real, de uma experiência absolutamente inevitável: a de Jesus morto na cruz. A idéia do padre de Desio era de que a evidência do Fato só se torna tal se a gente estiver em companhia, se participar da liberdade que se adquire estando em companhia; e, melhor ainda, se gozar da liberdade que deriva do entregar-se à companhia. (...) Era um lombardo, um italiano, e era católico, por isso universal. No discurso, ele encantava com as citações dos mais diversos autores, de qualquer língua e país. Gostava de música e entendia da coisa. Inclusive de música popular. Conhecia as canções napolitanas e, talvez, o dedo do Senhor se manifestou naquele dia em que pe. Giussani estava no meio dos monges budistas e um deles cantou para ele O sole mio. Sem dúvida, saiu feliz com as coisas extraordinárias que fez, graças a Deus.

(Gino Agnese, “Secolo d’Italia”, 23 de feveriro de 2005).

Olhos de pugilistas, coração de santo

Gino Agnese

Não havia nada de clerical, nem de devocional, nem de convencional, nem de óbvio, na sua postura diante dos estudantes: ao contrário, estes ficavam fascinados com a linguagem áspera e insólita daquele professor de “saia”, que indicava o cristianismo como um escândalo para o mundo, ou seja, como uma afronta à moral dominante, a moral dos insuspeitos virtuosos, ou seja, dos fariseus de todos os tempos. O fascínio do pe. Luís passou de uma classe para outra; e logo assentou as raízes em mais de uma dezena de estudantes, alguns dos quais se tornaram os divulgadores, os apóstolos de uma companhia (termo este que ele apreciava muito) que acabaria se ampliando de modo imprevisto, imprevisível. Antes mesmo de conhecer pe. Giussani, no início dos anos 80, fiquei curioso para saber as razões que lhe permitiam alcançar tamanha repercussão: e fui ouvir alguns daqueles alunos, hoje de cabelos grisalhos. Fiquei sabendo que aquele padre era capaz de fazer as pessoas perceberem, sentirem, a presença de Jesus Cristo aqui e agora; e de fazer com que o cristianismo fosse assumido não como uma doutrina ou como uma forte crença, mas como um fato; um fato que nascia de um dado real, de uma experiência absolutamente inevitável: a de Jesus morto na cruz. A idéia do padre de Desio era de que a evidência do Fato só se torna tal se a gente estiver em companhia, se participar da liberdade que se adquire estando em companhia; e, melhor ainda, se gozar da liberdade que deriva do entregar-se à companhia. (...) Era um lombardo, um italiano, e era católico, por isso universal. No discurso, ele encantava com as citações dos mais diversos autores, de qualquer língua e país. Gostava de música e entendia da coisa. Inclusive de música popular. Conhecia as canções napolitanas e, talvez, o dedo do Senhor se manifestou naquele dia em que pe. Giussani estava no meio dos monges budistas e um deles cantou para ele O sole mio. Sem dúvida, saiu feliz com as coisas extraordinárias que fez, graças a Deus.

(Gino Agnese, “Secolo d’Italia”, 23 de feveriro de 2005).