À comunidade do Rio de Janeiro

Julián Carrón

Caríssimos amigos,

Qual o motivo para festejar o aniversário de vocês, se não a gratidão pelo fato de o Senhor, nesses trinta anos, não os ter abandonado? Esse é o essencial no qual o Papa Francisco nos convida constantemente a manter o olhar fixo; somente a memória agradecida da fidelidade de Cristo para com a nossa vida sustenta o nosso sim cotidiano à renovação do Seu chamado dentro das circunstâncias da vida.

Como dissemos na Jornada de Início de Ano, em Milão, “a questão é como cada um de nós responde a essa modalidade histórica através da qual o Mistério tem, de novo, piedade do nosso nada. Certamente não é uma pertença formal, mas um seguimento real. A única possibilidade de voltar a buscar, de despertar de novo o desejo, está no seguimento”.

Ajudemo-nos a seguir a história nascida da fé de Dom Giussani, para que a experiência dele se torne sempre mais nossa. E o que significa seguir nos foi lembrado pelo Papa na mensagem ao Meeting de Rímini, quando nos convidou “a nunca perdermos o contato com a realidade, aliás, a sermos amantes da realidade. Também isto é parte do testemunho cristão: na presença de uma cultura dominante que põe a aparência em primeiro lugar, ou seja, aquilo que é superficial e provisório, o desafio é escolher e amar a realidade. Dom Giussani nos deixou isso de herança, como programa de vida, quando afirmou que ‘a única condição para sermos sempre e verdadeiramente religiosos [ou seja, homens] é vivermos sempre intensamente o real. A fórmula do itinerário rumo ao significado da realidade é viver o real sem censuras, isto é, sem renegar nem esquecer nada. Não seria, com efeito, humano, ou seja, razoável, considerar a experiência limitando-se à sua superfície, à crista de sua onda, sem descer à profundidade do seu movimento’”.

Dom Giussani sempre obedeceu às circunstâncias, como recordou ao contar sobre o nascimento do Movimento no Brasil, que aconteceu por causa de um encontro com um jovem brasileiro e uma freira em Belo Horizonte, no início dos anos 60, ao qual Dom Giussani permaneceu fiel por todos os anos que se seguiram, nunca medindo o resultado, na consciência de que “quem pode criar a Igreja de Cristo no mundo é o Espírito de Deus, é o Espírito de Cristo! A modalidade com a qual Ele alcança o seu objetivo não pode ser prevista”. E vocês têm que reconhecer que dois jovens sacerdotes italianos chegados a Copacabana são parte dessa modalidade imprevisível.

Faço votos que continuem a caminhar unidos entre vocês mesmos e à vida do Movimento, em todos os lugares em que o Senhor os colocar, seguros unicamente da Sua companhia. Quantas pessoas esperam encontrar vocês para reencontrarem a si mesmas! E isso será possível para elas “através de um testemunho pessoal, de um relato, um gesto, ou da forma que o próprio Espírito Santo pode suscitar numa circunstância concreta” (Papa Francisco).

Milão, 15 de outubro de 2014
Julián Carrón

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