«Alcançados, como no primeiro alvoroço no coração que teve Madalena».
A mensagem de Carrón aos peregrinos de Macerata-Loreto

Peregrinação Macerata-Loreto. Sábado, 7 de junho de 2014
Julián Carrón


Queridos amigos, no início do vosso caminho para a Santa Casa do Loreto, ofereço-vos algumas palavras de don Giussani que me têm feito muita companhia nestes últimos tempos:

«O pensamento mais belo a que me abandono de há muitos meses a esta parte é a imaginação do primeiro alvoroço no coração que a Madalena sentiu e este alvoroço no coração não foi: “Vou largar todos os meus amantes”, mas foi o enamoramento de Cristo. E para Zaqueu o primeiro alvoroço no coração não foi: “Vou dar todo o meu dinheiro”, mas a surpresa apaixonada daquele Homem. Que Deus se tenha feito um entre nós, um companheiro, é a gratuidade absoluta, tanto é verdade que se chama graça».

Eis do que precisamos para viver: que o Mistério se faça companheiro da nossa vida, como aconteceu com Zaqueu e Madalena. Pobres como nós, frágeis como todos, às voltas com as urgências da vida, incapazes de obterem o que desejavam, mas Deus teve piedade deles, não os abandonou ao medo e à solidão.

Também a nós nos aconteceu encontrarmos no nosso caminho – sem isso, nenhum de vocês estaria na peregrinação hoje – alguém cuja vida nos pareceu imediatamente mais humana, mais desejável, tanto que nos veio a vontade de viver como essa pessoa. E assim, com o tempo, seguindo, tornou-se nossa aquela experiência que nos fascinou no início, a mesma experiência de João e André nas margens do Jordão, como recordou o Papa Francisco visitando precisamente aquele lugar: «Vindo aqui ao Jordão para ser baptizado por João, mostra a sua humildade e a partilha da condição humana: abaixa-Se até nós e, com o seu amor, devolve-nos a dignidade e dá-nos a salvação. Não cessa de nos impressionar esta humildade de Jesus, que Se debruça sobre as feridas humanas para as curar, este debruçar-Se de Jesus sobre as feridas humanas para as curar.» (24 de Maio de 2014). Arrastados por um encontro, crescia todos os dias cada vez mais, nos discípulos, o desejo d’Ele, tanta era a saudade de ver o rosto de Jesus, que os tinha prendido com aquela pergunta que os agarrava a Ele: «O que procurais?» (Jo 1,38).

É a mesma coisa que experimentaram os discípulos de Emaús: «Não nos ardia o coração no peito enquanto conversava connosco ao longo do caminho?». Mais poderosa do que qualquer desilusão ou derrota, é a Sua presença. Como é que podemos ver isto? Porque remete o eu em movimento, fazendo-o viver à altura do seu próprio coração: «Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os que com eles estavam. Todos diziam: “O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão”. Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão» (Lc 24,32-35).

Desejo-vos que caminhem sustentados nas dificuldades pela certeza que nos testemunha o Papa Francisco: «Aos seus discípulos missionários Jesus diz: “Eu estarei sempre convosco, todos os dias, até ao fim do mundo” (v. 20). Sozinhos, sem Jesus, nada podemos fazer! Na obra apostólica só as nossas forças, os nossos recursos, as nossas estruturas não são suficientes, embora sejam necessárias. Sem a presença do Senhor e sem a força do seu Espírito o nosso trabalho, mesmo se bem organizado, resulta ineficaz. E assim vamos dizer ao povo quem é Jesus» (Regina Coeli, 1 de Junho de 2014). Foi para isto que fomos escolhidos – que grande mistério! –: para o testemunho, caminhando para o Loreto e ao longo dos caminhos da vida, nas circunstâncias quotidianas.

Boa caminhada

Julián Carrón

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