Entrevista com Julián Carrón (Tg Meeting, 20 de agosto de 2013)

Julián Carrón

Como todo ano, Julián Carrón, presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação, visitou o Meeting de Rímini. Assistiu o encontro dedicado ao tema desta 34ª edição, “Emergência: o homem”, de John Waters. Antes de ir embora, concedeu uma entrevista ao telejornal do Meeting.

O Meeting é uma ocasião de descobrimento. Aqui ocorrem muitos encontros, acontecimentos políticos e culturais, mas o Meeting também pode ser a ocasião para responder a pergunta que você fez aos membros de CL no início do verão europeu: como se faz para viver?

É o que espero. Porque para nós tudo é uma ocasião de encontrar uma resposta para aquilo que é mais urgente na vida. Espero que cada um que participa de um modo ou de outro do Meeting possa começar a encontrar um sinal para responder a essa pergunta. Às vezes, graças a um encontro que se faz, a um testemunho que se escuta, a uma exposição que se vê, pode-se encontrar certos sinais dessa urgência que temos do viver, sem a qual não há verdadeiramente nenhum significado nesta vida.

Hoje o poder parece não deixar espaço nem para as iniciativas, nem para as obras, e então, o que significa recomeçar a partir do homem?

O poder não tem nenhuma força sobre nós se existe um eu capaz de viver com uma autoconsciência de tal forma que não esteja determinado pelo mesmo poder. Devemos deixar de adquiri-la com o poder, em certo sentido, porque isso mostra somente nossa fragilidade e a fragilidade do nosso eu. Se chegarmos a acreditar na autoconsciência daquilo que somos, nenhum poder deste mundo poderá nos deter.

Em sua mensagem ao Meeting, o Papa nos aconselhou a ir ao mundo permanecendo fiéis a Cristo. Existem experiências para as quais podemos olhar para aprender isso?

Isso é o que devemos descobrir aqui também. Porque aqui há muitas experiências que se apresentam, nos testemunhos, nas exposições, nas obras, em uma grande quantidade de realidades que documentam uma experiência. Cada um de nós precisa estar atento para descobrir as faíscas de verdade dessas experiências, para valorizar e seguir o belo, o justo e o atraente que encontramos no caminho. Existem realidades onde isso se documenta de um modo mais evidente e diante das quais o Mistério nos chama com mais força, nos convida de forma mais clara a segui-lo. Este é um desafio ao coração de cada um, porque o coração tem a capacidade de reconhecer o que é verdadeiro, o que é belo, o que é justo, para poder segui-lo. É um problema de educação à atenção, mais do que um enorme esforço moralista por parte do homem. É simplesmente como aconteceu no princípio: João e André tinham a capacidade de reconhecer o único que valia a pena seguir. Eles o descobriram, não necessitaram de um treinamento particular, simplesmente o encontraram e o seguiram. O problema é se estamos dispostos a isso e o seguimos. É fácil.